Rui Rocha falava aos jornalistas na Alameda Dom Afonso Henriques, em Lisboa, palco tradicional das comemorações do 1.º de Maio, onde a IL deu a conhecer um ‘outdoor’ com o ‘slogan’ “Nos países liberais os trabalhadores ganham mais” e um outro com a defesa de uma taxa única de IRS para quem ganha até 2.000 euros brutos por mês.

“Diria que da mesma maneira que temos listas de espera na saúde, listas de espera intermináveis, agora o Governo quer lançar listas de espera também elas longas, de um ano, dois anos, três anos, quatro anos, para a redução de impostos. Este é o Governo das listas de espera para tudo”, afirmou.

O líder partidário defendeu que, ao invés, “a Iniciativa Liberal não espera e quer que os portugueses tenham já hoje mais dinheiro no bolso para fazerem as suas opções em liberdade”.

Em causa está o facto, aponta, de o ministro das Finanças, Fernando Medina, ter indicado no Programa de Estabilidade que o executivo irá avançar com um desagravamento do IRS em dois mil milhões de euros até 2027.

“Mas o problema é aquilo que foi recebido nos anos que estão para trás. E, portanto, prevê-se uma redução em quatro anos de dois mil milhões em impostos, em IRS, mas já cobraram a mais nos últimos anos três mil milhões”, disse.

Para Rui Rocha, em Portugal existe “uma carga fiscal muito elevada”, pelo que as propostas dos liberais “passam precisamente por isso”: “São muito importantes todas as medidas que baixem o imposto, nomeadamente o imposto sobre o trabalho dos portugueses”, afirmou.

Nas discussões na especialidade do Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), a IL propôs uma taxa marginal de 14,5% para os salários que vão até 2.000 euros brutos, que foi ‘chumbada’ e que o partido volta agora a recordar num dos ‘outdoor’.

Segundo a IL, por exemplo, na tabela atual um salário bruto mensal de 1.000 euros desconta 1.592 euros, enquanto com a taxa única descontaria 1.435 euros, enquanto um salário bruto de 2.000 euros desconta atualmente 5.591 anualmente e passaria a descontar 3.465 euros.

“As pessoas quando são aumentadas nos seus locais de trabalho, nas suas empresas, depois constatam que uma parte muito grande desses aumentos é entregue ao Estado, quer em contribuições para a Segurança Social, quer em termos de imposto sobre o trabalho e, portanto, é esse desafio que nós vimos colocar à sociedade portuguesa”, argumentou.

Para o líder da IL, “não se deve retirar a mais — que é aquilo que está a acontecer — para depois fazer política de distribuição e distribuir de acordo com aquilo que são as sondagens, que são as necessidades do PS”.

“Temos visto uma gestão do governo socialista que passa pela distribuição de pacotes. Vai distribuindo de 15 em 15 dias, de três em três semanas, de mês a mês, de acordo com a agenda política, consoante António Costa está em maiores dificuldades ou em menores dificuldades, vai distribuindo aquilo que retirou aos portugueses”, disse, acrescentando que “isso não faz sentido”.

É neste sentido que defendeu que “a dignidade do trabalho passa também por uma fiscalidade digna”.