“Há coisas muito estranhas. Nós tivemos da parte do senhor Presidente da República já duas versões relativamente àquilo que motivou a viagem de António Costa. Numa primeira versão tinha sido para dar um abraço a José Mourinho, na segunda versão foi para fazer uma escala técnica e agora temos uma terceira versão que parece diferente das outras duas que conhecíamos por parte do senhor Presidente da República”, disse, em declarações aos jornalistas, o líder da IL, Rui Rocha.

Referindo-se ao comunicado do gabinete do primeiro-ministro, de acordo com o qual António Costa esteve em Budapeste a convite da UEFA e ao lado de Orbán por tratamento protocolar, Rui Rocha sublinhou que “já nem é uma escala técnica, já nem é propriamente o abraço ao técnico”.

“Parece-me então que é preciso justificar e esclarecer mais coisas que não são justificadas com este comunicado. Por exemplo, se havia um convite da UEFA para assistir a uma final porque é que isso não consta da agenda oficial do senhor primeiro-ministro”, questionou.

O liberal quer saber o porquê de, sendo “um convite oficial” ter sido “ omitido da agenda oficial do primeiro-ministro”.

Rui Rocha anunciou que a IL vai enviar ainda hoje perguntas a António Costa, desde logo para esclarecer a ausência deste convite da UEFA da agenda oficial.

“E o segundo ponto é se há outros casos em que meios do Estado - nomeadamente o Falcon que foi utilizado desta vez - são utilizados pelo senhor primeiro-ministro para diligências ou para visitas que não fazem parte da sua agenda oficial”, acrescentou, reiterando que as “explicações em causa não são suficientes”.

Na análise do presidente da IL, este caso “corresponde a um padrão que está a ser cada vez mais recorrente da parte do senhor primeiro-ministro”.

“Nós passamos dezenas de dias na comissão de inquérito da TAP e no que diz respeito ao SIS à procura da verdade e tivemos tantas versões, não tivemos sequer uma versão, uma resposta clara do senhor primeiro-ministro. Num tema que, apesar de tudo, não é determinante no futuro do país, mas se há tanta dificuldade em contar a verdade, em contar aquilo que realmente aconteceu”, criticou.

Rui Rocha questionou por isso o que “se passa no país quando as coisas que parecem simples de justificar, de apresentar ou pelo menos de esclarecer, agora são sempre envolvidas num conjunto de tentativas de omissão, de travar a descoberta daquilo que se passou”.

“O primeiro-ministro ganharia em apresentar as suas versões dos factos de viva voz, não ter receio de se apresentar aos portugueses, mas é como eu digo, se estava tudo preparado, se foi um convite, então porque é que não consta da agenda oficial do primeiro-ministro? O que é que levou a omitir esse facto”, reiterou.

O primeiro-ministro afirma, em comunicado do seu gabinete hoje divulgado, que esteve na final da Liga Europa de futebol, em Budapeste, no passado dia 31, a convite da UEFA e ficou sentado ao lado do seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, por tratamento protocolar.

Em 31 de maio, António Costa, que viajava num Falcon 50 da Força Aérea, fez uma escala em Budapeste quando seguia a caminho da Moldova para a cimeira da Comunidade Política Europeia, sem que a paragem constasse da sua agenda pública, segundo noticiou o Observador.

De acordo com o mesmo jornal, o chefe do Governo português assistiu ao jogo da final da Liga Europa de futebol entre o Sevilha e a Roma, equipa italiana orientada por José Mourinho, ao lado do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán.

A paragem na Hungria foi criticada pela oposição, que reclama esclarecimentos de António Costa.