Quando a Imagem Peregrina de Nossa Senhora, a n.º 13, foi para a Ucrânia, em março, decidiu-se que ficaria no país em guerra durante 30 dias. O ponto central seria a catedral de Lviv, mas com a intenção de que "daí pudesse chegar a outras dioceses da Ucrânia e a muitas paróquias, onde fosse possível", explicou o Reitor do Santuário, Pe. Carlos Cabecinhas, em maio.

Contudo, devido ao cenário de guerra, o Arcebispo local pediu "o prolongamento da presença da Imagem ou a sua cedência". O Santuário de Fátima decidiu que a visita podia prolongar-se, mas deu "resposta negativa" à sua doação.

"A Imagem Peregrina, por definição, é aquela que parte do Santuário e regressa ao Santuário de Fátima", apontou.

A Imagem n.º 13

A Imagem n.º 13 é uma réplica da Imagem n.º 1. Feita segundo indicações da Irmã Lúcia, "a primeira Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi oferecida pelo bispo de Leiria e coroada solenemente pelo arcebispo de Évora, em 13 de maio de 1947. A partir dessa data, a Imagem percorreu, por diversas vezes, o mundo inteiro, levando consigo uma mensagem de paz e amor", segundo informação do santuário.

De acordo com uma nota da instituição, "a génese deste percurso remete para o ano de 1945, pouco depois do final da 2.ª Guerra Mundial, quando um pároco de Berlim propôs que uma imagem de Nossa Senhora de Fátima percorresse todas as capitais e cidades episcopais da Europa, até à fronteira da Rússia".

"A ideia foi retomada em abril de 1946, por um representante do Luxemburgo no Conselho Internacional da Juventude Católica Feminina, e, no ano seguinte, no preciso dia da sua coroação, teve início a primeira viagem. Depois de mais de meio século de peregrinação, em que a Imagem visitou 64 países dos vários continentes, alguns deles por diversas vezes, a Reitoria do Santuário de Fátima entendeu que ela não deveria sair mais, a não ser por alguma circunstância extraordinária, como foi o caso da Jornada Mundial da Juventude no Panamá, em janeiro de 2019”, é referido.

Para responder aos pedidos provenientes de todo o mundo, foram, entretanto, feitas 13 réplicas da primeira Imagem Peregrina.

Neste seguimento, o Santuário decidiu "oferecer uma Imagem nova, idêntica àquela peregrina, para que fique de forma definitiva na catedral de Lviv", que foi benzida na celebração do 13 de Maio.

Agora, passados quatro meses desta oferta, a diretora do Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima, Carmo Rodeia, explica ao SAPO24 que a Imagem ainda não foi para a Ucrânia, mas que seguirá "logo que estiverem reunidas todas as condições, isto é, em princípio, em outubro".

Quanto à Imagem n.º13, continua no país, "ao cuidado do Arcebispo de Lviv, na Igreja de Nossa Senhora da Natividade", e "deverá ficar até outubro", mas não há ainda uma "data certa" para o regresso a Portugal.

Segundo Carmo Rodeia, "tem sido frequente a correspondência [com a Ucrânia], havendo sempre a preocupação do Arcebispo Metropolita da Igreja Greco-Católica de Lviv em manter o Santuário informado desta peregrinação".

Os passos para a chegada da Imagem n.º 13 à Ucrânia

A 10 de março, pouco depois de ter rebentado a guerra na Ucrânia, o Arcebispo Metropolita da Igreja Greco-Católica de Lviv, Ihor Vozniak, fez um pedido formal ao Santuário de Fátima: o país queria receber no seu território a Imagem Peregrina de Nossa Senhora.

"Pedimos que nos possam enviar a Imagem da Virgem Peregrina de Fátima para a Ucrânia para que possamos rezar pedindo a sua proteção para que a paz regresse ao país", apelou.

Dois dias depois, o Santuário de Fátima anunciou o envio da Imagem n.º 13 para o país. "Unidos no mesmo espírito de oração, é com agrado que o Santuário de Fátima responde positivamente ao pedido de envio de uma Imagem da Virgem Peregrina de Fátima", referia a carta enviada ao Arcebispo.

Nessa carta, era explicado que a deslocação desta Imagem ao território ucraniano, que acontece pela primeira vez, "se deve a este esforço pastoral de oração pela paz no mundo, em especial na Ucrânia".