"Quando ouvirem os factos (...), verão que o presidente não fez absolutamente nada de errado", disse Pat Cipollone, advogado da Casa Branca, que falou ao Congresso durante a sessão excecionalmente organizada a um sábado.

Num Senado controlado pelos republicanos — com 53 assentos de um total 100 —, a absolvição do 45º presidente dos Estados Unidos é quase certa. Mas a menos de 300 dias da eleição presidencial, os debates também são uma batalha pela opinião pública.

Diante senadores impacientes para deixar Washington e seguir outros trabalhos, especialmente os pré-candidatos democratas Bernie Sanders e Elizabeth Warren ansiosos para encontrar os seus redutos de campanha em Iowa, Cipollone prometeu uma "sessão de duas ou três horas".

Ex-apresentador de um reality show e ávido telespectador, o próprio Donald Trump deu o tom no dia anterior: sábado é o "Vale da Morte" em termos de audiência, não há necessidade de perder tempo com argumentações longas, melhor manter a força para a próxima semana. Tal como a acusação, os advogados do bilionário terão um total de 24 horas, distribuídas por três dias.

A apresentação deste sábado é mais como um "trailer", nas palavras da defesa, antes do prato principal que constituirá a intervenção do famoso constitucionalista Alan Dershowitz, que foi, entre outros, advogado de O.J. Simpson e do empresário recentemente falecido Jeffrey Epstein.

Face aos senadores silenciosos, Pat Cipollone acusou os adversários políticos do presidente de tentarem organizar "a maior interferência eleitoral da história norte-americana". "Eles pedem (a destituição do presidente) sem qualquer prova (...) Pedem-nos para rasgar todos os boletins de voto neste país".

"Não podemos aceitar tal coisa", acrescentou o advogado, prometendo realizar a segunda parte deste julgamento histórico de maneira "eficiente e rápida", para que todos os norte-americanos possam voltar-se para a corrida eleitoral de 3 de novembro.

De acordo com uma sondagem do Washington Post-ABC News, 47% dos americanos acreditam que Donald Trump deve ser forçado a deixar a Casa Branca, 49% acreditam no contrário. Quase dois terços dos questionados, no entanto, desejam ouvir outras testemunhas.

Segundo a acusação, Trump abusou do seu poder quando tentou pressionar a Ucrânia para interferir nas eleições de 2020 a seu favor, sugerindo ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, que investigasse os negócios do filho de Joe Biden. O ex-vice de Barack Obama é um dos favoritos entre os pré-candidatos democratas às eleições presidenciais de novembro.

A congressista Val Demings disse que, por ordem do presidente, seis gabinetes do governo ignoraram 71 pedidos diferentes de informações, incluindo cinco citações, durante a fase de investigação conduzida pela Câmara dos Representantes. Já o congressista democrata Adam Schiff, promotor no processo em que os 100 senadores são jurados, encerrou a sua alegação na quinta-feira dizendo com voz embargada que "não se pode confiar que este presidente faça o que é bom para o país".

Após as alegações da acusação e da defesa, os dois partidos terão um total de 16 horas para responder às perguntas feitas por escrito pelos senadores. Após esta fase, os presentes devem decidir por maioria simples se desejam continuar o processo chamando novas testemunhas, conforme exige a acusação.

Caso contrário, devem votar a culpabilidade do presidente. É necessária uma maioria de dois terços para destituí-lo, o que neste momento parece improvável.