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A intervenção de Rima Abdul Malak, ministra da Cultura de França, obrigou a suspender a demolição, marcada para esta segunda-feira, 8 de janeiro, de um símbolo da história da ciência francesa e mundial: um dos laboratórios de Marie e Pierre Curie, em Paris.
A demolição visava o Pavillon des Sources, um dos três edifícios que compõem o Instituto Curie, antes conhecido por Instituto de Rádio. O objetivo é dar lugar a um edifício de sete andares, no âmbito de um projeto de ampliação do campus.
Em 1909 o Instituto Pasteur e a Universidade de Paris criaram uma parceria para construir um laboratório de investigação para Marie Curie composto por três edifícios. O Pavillon des Sources (Pavilhão das Fontes) era utilizado por Curie para preparar materiais radioativos; o Pavilhão Curie albergava o laboratório onde costumava trabalhar e é hoje um museu; o Pavilhão Pasteur albergava o laboratório de biologia.
A cidade de Paris deu o 'ok' para a demolição do Pavillon des Sources em março deste ano, tendo esta sido aprovada igualmente pela direção regional de assuntos culturais. Mas uma petição a apelar à intervenção do presidente Emmanuel Macron e dos seus ministros travou a obra, para já.
Rima Abdul Malak disse que a demolição foi "suspensa" após conversações com o Instituto Curie, de forma a "dar tempo para examinar possíveis alternativas", noticia o The Guardian.
Baptiste Gianeselli, que lidera a petição para salvar o laboratório, promete continuar a fazer pressão. "A demolição que estava marcada para segunda-feira foi travada, mas a ameaça não desapareceu totalmente, porque o edifício não está classificado como monumento histórico". Para o ativista "é impensável. Todo este local deveria ser classificado como histórico", defende.
"Se Emmanuel Macron não entender que este não é apenas um edifício histórico, mas um dos últimos símbolos de Marie Curie, uma das mais ilustres mulheres da nossa história, será um erro sério", sustentou.
Marie Curie nasceu a 7 de novembro de 1867, em Varsóvia, e morreu a 4 de junho de 1934, perto de Sallanches, em França. Estudou da Sorbonne, em Paris, e ao lado do marido, Pierre Curie, descobriu o fenómeno da radioatividade, tendo recebido o Nobel da Física pelo feito. Após a morte de Pierre num acidente de viação, em 1906, Marie ocupou a catedra deixada por este e tornou-se a primeira mulher a ensinar na Sorbonne. A par, continuou o seu trabalho de investigação, o que lhe valeu um Nobel da Química em 1911.
Marie Curie foi diretora dos laboratórios de Química e Física do Pavilhão Curie até ao ano da sua morte, em 1934. O instituto tornou-se então um dos líderes mundiais na investigação da radioatividade, por exemplo na área do cancro.
Enquanto os ativistas defendem que Marie Curie trabalhou efetivamente no Pavillon des Sources, Emmanuel Grégoire, vice-mayor de Paris, garante que tal nunca aconteceu. Segundo o Instituto Curie, o local seria usado sobretudo para guardar material utilizado "poluído".
Resta agora perceber que alternativa existirá para, em simultâneo, conservar a herança de Curie e permitir ao instituto expandir o seu campus.
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