O incêndio que parecia circunscrito na zona da Fajã das Galinhas, concelho de Câmara de Lobos, volta a preocupar as autoridades, tendo reacendido.
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, e o secretário regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos, no balanço efetuado há momentos a partir do Curral das Freiras confirmaram duas pessoas hospitalizadas devido à inalação de fumos. Uma das vítimas foi encaminhada para o Centro de Saúde de Câmara de Lobos e outra para o Hospital Dr. Nélio Mendonça.
Em declarações à imprensa local, Albertina Ferreira, presidente da Junta de Freguesia da Serra de Água, confessou que esta “foi uma noite horrível” até depois das 4h30 da madrugada deste domingo, com aproximadamente uma centena de pessoas a terem de abandonar as suas casas.
Em Curral das Freiras, o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Salustino, descreveu "uma noite bastante trabalhosa no Curral das Freiras e também no Jardim da Serra. Temos aqui duas frentes de fogo, com vários focos. Aqui, no Curral das Freiras, foi essencialmente na zona do Colmeal e aqui, também no centro, junto à zona da Igreja e do cemitério, Fajã das Galinhas e Jardim da Serra”. Salustino adiantou que cerca de 160 pessoas foram retiradas das suas casas.
O vento que se faz sentir na região tem afetado o combate às chamas. Segundo o ponto de situação às 08:30 as frentes ativas em curso são nas áreas do Curral das Freiras e Fajã das Galinhas, no concelho de Câmara de Lobos, e na Serra de Água, no município contíguo a oeste, Ribeira Brava. Neste ponto de situação a informação é de que no terreno estão 120 operacionais de todos os corpos de bombeiros da região, apoiados por 43 veículos e o meio aéreo que já iniciou as operações.
Hoje, Albertina Ferreira, presidente da Junta de Freguesia da Serra de Água, informou do encerramento da via expresso na Serra de Água: "não há condições para reabrir. Houve queda de pedras e outros materiais e estamos à espera da Proteção Civil para fazer esse entendimento”.
Já esta madrugada, a Força Operacional Conjunta (FOC) enviada pelo Governo da República chegou à Madeira, tendo sido transportada por uma das aeronaves KC-390 da Força Aérea Portuguesa. Estes foram estiveram "nas últimas horas, a fazer reconhecimento e avaliação do teatro de operações" e, nas próximas horas irão "concentrar os seus esforços na zona da Serra de Água".
Com alguma polémica à mistura, e depois de numa primeira instância ter recusado a ajuda do Governo nacional, o presidente da região Miguel Albuquerque afirmou ontem que “já na sexta-feira tinha combinado com o Governo […] para mandar a força”, afirmou no sábado à noite, em declarações aos jornalistas no posto de Comando da Proteção Civil da freguesia do Curral das Freiras, no concelho de Câmara de Lobos, onde se deslocou depois de ter interrompido as férias na ilha do Porto Santo.
Relativamente à disponibilidade dos Açores de enviar entre 15 e 20 operacionais, Miguel Albuquerque indicou que essa situação está a ser combinada e que a região está disponível para os receber.
Em declarações hoje à imprensa, Miguel Albuquerque foi muito crítico do Estado, afirmando que “a Madeira e os Açores, neste momento, no quadro da lei das finanças regionais, são um ótimo negócio do Estado. O Estado diz que a Madeira e os Açores fazem parte integrante da nação e do Estado português, mas cada vez gasta menos dinheiro, portanto é um bom negócio”.
Este incêndio tem-se mostrado muito desafiante por quatro razões: zonas inacessíveis, ventos muito fortes, temperaturas altas e humidades baixas, o que tem condicionado o funcionamento do meio aéreo e das equipas terrestres, afirmou o secretário regional da Saúde e Proteção Civil, Pedro Ramos.
A capitania do Porto do Funchal prolongou o aviso de vento forte para a orla marítima da Madeira até às 06:00 de segunda-feira e cancelou o de mau tempo que havia emitido no sábado.
Com base nas previsões meteorológicas do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), a capitania aponta que o vento vai soprar de norte/nordeste “fresco a muito fresco, por vezes forte”.
Também indica que a visibilidade deve ser “boa, por vezes moderada” e a ondulação será na ordem dos três metros na costa sul, sendo de 1,5 metros na parte sul.
Devido a esta situação, a capitania renova as recomendações a toda a comunidade marítima e à população, entre as quais o reforço da amarração e vigilância apertada das embarcações atracadas e fundeadas.
Também desaconselha passeios junto ao mar ou em zonas expostas à agitação marítima e a prática da atividade da pesca lúdica, em especial junto às falésias e zonas de arriba frequentemente atingidas pela rebentação das ondas.
O Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) da região também anunciou o fecho de 14 percursos pedestres classificados e quatro áreas de lazer da Madeira, por prevenção.
Na informação, o IFCN indicou estarem encerradas as veredas da Ilha, do Pico Ruivo, da Lagoa do Vento, do Pico Fernandes, do Túnel do Cavalo, da Câmara de Carga do Rabaçal e da Palha Carga, além das levadas das 25 Fontes, Velha do Rabaçal, do Risco, do Alecrim, do Paul II – um caminho para todos e da Rocha Vermelha.
Todas as regiões da Madeira são as únicas do país a estar sob aviso laranja do IPMA para tempo quente, que é amarelo para a ilha do Porto Santo.
O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica, enquanto o aviso laranja (o segundo nível) é emitido quando existe situação meteorológica de risco moderado a elevado.
Para hoje as previsões são de períodos de céu muito nublado, apresentando-se pouco nublado na vertente sudoeste da ilha da Madeira.
O vento deve fraco a moderado de norte/nordeste, soprando moderado a forte entre os 30 e os 45 quilómetros por hora, por vezes com rajadas até 70 quilómetros nas terras altas, nos extremos leste e oeste da ilha da Madeira e na ilha do Porto Santo. Vento esse que continua a condicionar hoje o movimento no Aeroporto Internacional da Madeira -- Cristiano Ronaldo e nenhum avião conseguiu aterrar ou descolar, segundo a ANA- Aeroportos de Portugal.
*Com Lusa
(Notícia atualizada às 15h15)
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