Em resposta aos jornalistas, o líder da bancada socialista e presidente do PS adiantou que, pessoalmente, não sentiu choque com a comunicação do Presidente da República ao país na sequência dos incêndios deste mês, que mataram 45 pessoas, e considerou que também não houve deslealdade da parte do chefe de Estado.
"Eu creio que não existiu nada disso. Evidentemente que pode haver um entendimento deste ou daquele membro de que o Presidente da República poderia ter feito, na sua alocução, qualquer outro tipo de observação, ou dado uma menor ênfase a este ou àquele aspeto", declarou Carlos César, antes de um jantar com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e agricultores dos Açores, na Ribeira Grande, na ilha de São Miguel.
No seu entender, "o Presidente da República estava envolvido no desgosto e na emoção que todos os portugueses sentiam, como o Governo também", e cada um agiu "segundo as suas funções e no desempenho das suas competências próprias".
"É natural que o Governo estivesse mais concentrado naquilo que materialmente era possível fazer, é natural que o Presidente da República estivesse mais concentrado na afetividade e no apoio moral que era preciso dar aos portugueses numa circunstância tão difícil", sustentou.
De acordo com o socialista, o tema das relações entre Governo e Presidente ganhou uma dimensão mediática exagerada: "É evidente que, quando existe uma pequena dissonância, ou quando os órgãos de comunicação social dão conta disso, sendo ou não verdade, tendo ou não essa intensidade, há sempre um exagero à volta destes temas, há sempre uma forma de dar uma ênfase que eles não têm".
Interrogado sobre se faz parte dos que dizem chocados com o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa ao país, ou dos que se chocaram com esse choque de alguns socialistas, o presidente do PS respondeu: "Eu tenho muitas emoções, mas não senti esse choque, nem numa circunstância, nem noutra".
"Partilho também o choque daqueles que, sim, estão consternados com tudo o que se passou no nosso país", acrescentou o ex-presidente do Governo Regional dos Açores, defendendo que agora o que é preciso "é que haja aqui um choque de atividade, um choque de ação" em resposta às consequências dos incêndios.
Carlos César reiterou que as relações entre Governo e Presidente da República "são relações boas", mesmo que existam "sensibilidades sobre este ou aquele tema em que os órgãos de soberania possam divergir", e que é importante preservá-las.
Segundo o socialista, o executivo apresenta "bons resultados, bons indicadores económicos, bons indicadores sociais resultantes da sua atividade", e Marcelo Rebelo de Sousa, "tem ajudado o Governo a ser melhor, e que tem ajudado os portugueses a compreender as instituições políticas", com a sua "atividade pedagógica".
"Este valor da cooperação entre o Presidente da República e o Governo é muito importante para a nossa vida política e para o sucesso que o nosso país tem de ter. E eu sinto que quer o senhor Presidente da República quer o senhor primeiro-ministro conjugam dessa necessidade e apercebem-se de que essa colaboração é essencial", afirmou.
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