Onze meses depois de as chamas terem passado pela empresa de transformação de madeira e terem destruído tudo - "até o que estava debaixo do chão desapareceu" -, foram inauguradas as novas instalações, com oito pavilhões distribuídos por 120 mil metros quadrados, na zona industrial de Oliveira de Frades.

"São tantas coisas em tão pouco tempo". São estas as palavras do presidente do grupo Carmo Wood, Jorge Carmo, que realça a capacidade de a empresa, passado menos de um ano, ter passado de de 111 trabalhadores para 150, aumentado em 30% as vendas e passado de uma capacidade instalada de transformação de 150 mil metros cúbicos de madeira para 250 mil.

"Como é que isso se consegue? Com um grande sacrifício de todos, sobretudo dos que trabalham aqui", salientou Jorge Carmo, em conversa aos jornalistas, destacando a capacidade dos seus trabalhadores, que conseguiram "reconstruir aquilo que era inimaginável aqui há 11 meses".

Segundo o responsável do grupo, dois dias depois do incêndio, os trabalhadores já tinham começado a limpar no meio das cinzas e, passado 15 dias, começou o trabalho ao ar livre, em três turnos, com "máquinas rudimentares, algumas compradas em segunda mão", valendo-se também da solidariedade de fornecedores.

No entanto, foi "a união da equipa" que permitiu o reerguer da fábrica, constatou, sublinhando que havia "pessoas com gripe e febre a quererem fazer o turno da noite”.

“Temiam pelo pior, pela perda dos postos de trabalho. Em menos de nada, deram-se conta de que seria possível reerguer. Estou muito orgulhoso, porque hoje cada um deles sente que um pouco do que está aqui lhes pertence".

Segundo Jorge Carmo, o grupo fez um investimento de 20 milhões de euros na reconstrução - oito milhões de capitais próprios, oito milhões dos seguros e quatro milhões de euros de apoio do Estado.

No entanto, o prejuízo com o incêndio foi de 15 milhões de euros, aproveitando o momento para investir no aumento da capacidade instalada e na modernização dos equipamentos.

Para além da reconstrução daquilo que ardeu, a empresa investiu 100 mil euros na compra de dois camiões tanque para apoio no combate aos incêndios e construiu um sistema de combate desenvolvido em conjunto com os bombeiros locais, que consiste em 12 unidades com bombas de pressão e depósitos de água com retardador com capacidade de 12 mil litros.

De acordo com o responsável da empresa, 12 trabalhadores receberam formação das corporações de bombeiros locais por forma a garantirem uma melhor resposta no caso de surgir um fogo.

Jorge Carmo notou que este investimento já deu frutos. Há 15 dias, registaram um pequeno foco de incêndio, mas ficou resolvido pela brigada da empresa antes de os bombeiros chegarem.

Na cerimónia de inauguração das novas instalações, esteve presente o primeiro-ministro, António Costa, que elogiou a "grande força de vontade" da empresa em renascer e seguir em frente.