"Nos apoios estatais, temos que ser realistas. O Governo fez aquilo que nunca foi feito. Ou seja, houve apoio que nunca tinha havido. Mas também temos que considerar que acontece porque houve o abandono do Interior por parte dos governos ao longo dos anos", disse o presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu.
O autarca entende que após a tragédia dos incêndios de 2017 o Interior foi colocado "em cima da mesa".
"Não podemos deixar que este assunto deixe de ser um assunto crucial para o Interior. Porque se há alguma reestruturação que tem que ser feita é a do Interior. O país não pode continuar a ignorar 70% do território. E acho que estamos a caminhar no sentido correto", frisou.
Abreu entende que os acontecimentos do verão de 2017 vieram alertar os portugueses para uma grande realidade, ou seja, qualquer pessoa está em perigo de vida, e adiantou que houve gente que não era da região e que acabou por sucumbir na estrada nacional 236.
"Este incêndio [17 de junho de 2017] veio deitar isso por terra. Esta catástrofe, com esta dimensão, veio alertar não só toda a população, toda a comunidade civil, mas também o próprio Governo e todas as entidades e até a nós, políticos", disse.
Já sobre a autarquia que preside, explicou que dentro das suas possibilidades tudo foi feito ao nível da simplificação de processos, mas sublinha que os aspetos burocráticos imperam.
"No entanto, dentro das primeiras habitações, praticamente temos o processo em Figueiró dos Vinhos em muito bom andamento. Até ao final deste ano, as situações ficam praticamente todas resolvidas. Isto ao nível das primeiras habitações. Quanto às segundas, não tanto, porque conforme sabemos não há apoio", sustentou.
Mesmo assim, o autarca mostra-se otimista e acredita que poderá haver alguma ajuda aos proprietários das segundas habitações, nomeadamente que possam ter um incentivo inicial para poderem reconstruir.
"É muito importante serem reconstruídas [segundas casas]. Porquê? São pessoas que estão fora e que vêm aqui. Se não tiverem a habitação devidamente recuperada, não aparecem. Por isso, é crucial que as segundas habitações venham a ter algum apoio. Sabemos que as dificuldades imperam, nomeadamente ao nível financeiro, mas estamos em crer que isso poderá ajudar", sublinhou.
Já em relação às empresas afetadas pelos incêndios, o autarca diz que grande parte delas tem apoios concretizados na recuperação e que estão praticamente todas a laborar.
"Um ano, compreendo que para quem fica sem casa ou com a empresa destruída é muito tempo, mas compreendam que o trabalho, ao nível burocrático, também foi bastante", explicou.
Jorge Abreu realça ainda o trabalho desenvolvido durante este ano pela Unidade de Missão para a Valorização do Interior (UMVI).
"Logicamente que foi um processo muito complexo, não foi simples porque ninguém estava preparado para isso, nem as pessoas, nem o próprio concelho e mesmo até o Poder Central. O Estado, também dentro do trabalho que fez, temos que considerar que foi um trabalho ímpar, com muito esforço, muita dedicação e apoio, nomeadamente com a UMVI, que fez aqui um trabalho de acompanhamento permanente", concluiu.
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