O fogo deflagrou à 01:05 e chegou a ser dado como dominado pelas 10:20, mas o “quadro meteorológico severo”, com altas temperaturas e vento, estiveram na origem de uma “reativação muito forte, em pleno período crítico do dia, junto à cabeça/flanco direito do incêndio original e este ficou rapidamente fora da capacidade de extinção”, explicou o comandante Richard Marques.

“Para termos ideia, estamos a falar de um incêndio que evolui dois quilómetros por hora, o que representa uma taxa de expansão média de 200 hectares por hora, sendo que nas últimas horas, nas horas subsequentes à reativação, este valor foi o dobro, portanto estamos a falar de um incêndio que evolui com rapidez fulminante”, disse o comandante operacional regional de Faro.

Pelas 23:10, segundo a página da Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, as chamas estavam a ser combatidas por 375 operacionais, apoiados por 129 viaturas.

Durante o combate às chamas, um bombeiro ficou com queimaduras e foi helitransportado para o hospital, mas encontra-se estável, segundo o responsável.

Foram criadas duas zonas de apoio à população, no Azinhal, Castro Marim, e em Tavira. Duas pessoas chegaram a ser acolhidas em Tavira, mas já voltaram às suas habitações, enquanto outras 12 permanecem no Azinhal.

Numa conferência de imprensa, em Castro Marim, para fazer o ponto de situação do incêndio, Richard Marques quantificou o perímetro do fogo em “30 quilómetros”, o que representa “uma área de interesse para as operações de quase 3.000 hectares”, num incêndio que “continua com muita intensidade”.

Ao progredir para sul, o fogo obrigou a cortar a A22 entre os nós de Castro Marim e Altura, assim como a Estrada Nacional 125, entre Conceição de Tavira e Vila Nova de Cacela, disse o tenente-coronel Paulo Santos, também presente no ‘briefing’ para fazer o ponto de situação, realizado no centro multiusos do Azinhal.

Richard Marques sublinhou ainda que a “evolução para sul trouxe outros desafios”, porque afetou “áreas onde vivem e trabalham” pessoas, e essa alteração “obrigou a reposicionamento e reforço imediato de meios” para garantir a “prioridade” de defender pessoas e propriedades.

“Abordando múltiplas localidades ao mesmo tempo, toda esta projeção de meios e reposicionamento de meios naturalmente não foi suficiente para chegar a todas as situações como desejaríamos”, reconheceu ainda, admitindo que houve edificado afetado, mas sem quantificar.

Em Castro Marim, Cortelha foi das localidades mais afetadas, em Tavira as principais povoações atingidas foram Faz Fato, Carrapeateira, Nora e Alfarrobeira, enquanto em Vila Real de Santo António o fogo ameaçou principalmente a Corte António Martins e o parque de campismo de Caliço, precisou.

O parque de campismo, situado na freguesia de Vila Nova de Cacela, é “um ponto sensível” e “oferece alguma preocupação”, mas “está salvaguardada a monitorização e capacidade de resposta para alguma situação que possa ocorrer”, garantiu.

Além da limitação de meios que houve durante a noite sem a utilização de meios aéreos, uma das quatro aeronaves que trabalharam para controlar o fogo também sofreu uma avaria.

As autoridades estão também preocupadas com a mata nacional da Conceição de Tavira, onde o fogo chegou a entrar, mas que está a ser defendida pelas equipas de combate, referiu.

O objetivo agora “é que se possa dominar a cabeça” do fogo a sul e, depois, avançar para o flanco oeste “logo que surja uma janela de oportunidade”, disse o comandante das operações.

Richard Marques reconheceu, contudo, que “esta janela de oportunidade, do ponto de vista meteorológico, não vai existir”, porque as temperaturas vão manter-se altas durante a noite, não vai haver recuperação de humidade e a intensidade do vento vai manter-se.

Pelas 11:00 de terça-feira, as autoridades farão um novo ponto da situação, no Azinhal, no concelho de Castro Marim.

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