Segundo explicou à Lusa o presidente da Anafre, Pedro Cegonho (PS), as principais medidas anunciadas no sábado pelo Governo para alteração do sistema de Proteção Civil serão analisadas numa próxima reunião do conselho diretivo e das coordenações distritais da associação.

O também presidente da Junta de Freguesia de Campo de Ourique (Lisboa) salientou que a Anafre já apresentou ao Governo as suas principais propostas de alteração à Lei de Bases da Proteção Civil, que “continuam atuais”.

“Daquilo que sugerimos existem dois aspetos fundamentais, que é os presidentes de junta estarem todos presentes nos conselhos municipais de Proteção Civil e a competência da criação das unidades locais de Proteção Civil passar a ser da freguesia, obviamente articulada com o município e os planos municipais”, adiantou.

Atualmente, a criação das unidades locais são competências dos municípios e, nos conselhos municipais, apenas tem lugar um presidente de junta, em representação dos restantes do concelho, apesar da diversidade do território.

Para Pedro Cegonho, “muito do trabalho de prevenção e de pedagogia sobre medidas de autoproteção tem de passar ao nível micro, da freguesia, com ajuda da parte dos municípios e da Autoridade Nacional da Proteção Civil na produção dos conteúdos” sobre medidas de prevenção e socorro.

“É fundamental que sejam as freguesias a fazer chegar esses conteúdos às populações, às escolas, aos centros de dia, aos centros de saúde”, advogou o presidente da Anafre.

O autarca considerou que o aumento da participação das freguesias e das unidades locais de Proteção Civil “pode ter um trabalho muito relevante na prevenção, na sensibilização e na disseminação da informação” dos mecanismos perante situações de catástrofe.

O Conselho de Ministros extraordinário, que se reuniu no sábado, durante cerca de 11 horas, discutiu a reforma da prevenção e combate aos incêndios e medidas de emergência de apoio às vítimas das chamas que devastaram Pedrógão Grande e o Centro e Norte do país.

As centenas de incêndios que deflagraram a 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves, nas regiões Centro e Norte.

Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.

Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho, quando o fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo dados oficiais, 64 mortos e mais de 250 feridos, morrendo ainda uma mulher atropelada quando fugia deste fogo.