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*Notícia atualizada às 22h15
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Pedro Ramos, Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, fez esta noite um balanço da evolução dos incêndios que assolam a Madeira há quatro dias.

Neste momento, há três frentes ativas — na Encumeada, Jardim da Serra e Curral das Freiras —, e as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para as próximas 48 horas "não são as melhores", com vento e temperaturas altas.

É isto que justifica que a Madeira tenha aceitado a ajuda de uma Força Especial de Bombeiros que sairá do continente esta noite rumo ao arquipélago, com hora prevista de chegada por volta da meia-noite.

Em comunicado, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) confirmou o envio, pelas 21h45, de uma Força Operacional Conjunta para a Região Autónoma da Madeira para auxiliar no combate aos incêndios rurais.

"A Força, chefiada pelo Comandante Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Alentejo Central, Fábio Pontes, integra 75 operacionais da estrutura de Comando da ANEPC, da Força Especial de Proteção Civil (FEPC) da ANEPC, da Unidade Especial de Proteção e Socorro da GNR, do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (Força de Sapadores Bombeiros Florestais), das Corporações de Bombeiros da região do Alentejo e do Instituto Nacional de Emergência Médica.

Já esta noite, numa nota do Governo Regional o número de profissionais foi corrigido, para 76.

Também os Açores ofereceram a ajuda de cerca de 20 profissionais, o que está a ser equacionado pelas autoridades madeirenses.

O líder do Governo regional, Miguel Albuquerque, que estava de férias em Porto Santo, também deverá chegar hoje ao Funchal pelas 23h00.

Neste momento então envolvidos no combate aos incêndios 37 veículos e 108 bombeiros, sendo que o efetivo da Madeira é de cerca de 700 profissionais.

Este incêndio tem-se mostrado muito desafiante por quatro razões: zonas inacessíveis, ventos muito fortes, temperaturas altas e humidades baixas, o que tem condicionado o funcionamento do meio aéreo e das equipas terrestres, explicou Pedro Ramos.

As chamas obrigaram a retirar cerca de 50 famílias das suas casas, na freguesia do Curral das Freiras, na madrugada de hoje, e numa localidade da freguesia do Estreito de Câmara de Lobos cerca de 60, durante a tarde.

A frente ativa na Encumeada pode obrigar ainda à retirada de cerca de 60 pessoas, algumas das quais acamadas ou com mobilidade reduzida que, nesse caso, devem pernoitar no centro de saúde da Ribeira Brava, adiantou o Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil.

O Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram) disponibilizou duas linhas de apoio a todos os utentes da região, uma assegurada pelo serviço de psicologia, com o número 969320140, e a linha de apoio SRS 24h, assegurada pelo gabinete de apoio à família, com o número 800242420.

Até ao momento não houve registo de pedidos de apoio psicológico, adiantou Pedro Ramos.

Uma decisão polémica

O Governo da República disponibilizou na sexta-feira à noite apoio para o combate ao incêndio, mas o executivo madeirense considerou não ser necessário, argumentando que lavrava sobretudo em zonas de difícil acesso.

Hoje, às 13h00, o secretário regional reiterava, em declarações aos jornalistas, que não era necessária a ajuda do continente, apontando que a região não tinha esgotado a sua capacidade.

Questionado sobre a mudança de posição cerca de duas horas depois destas declarações, Pedro Ramos justificou com a “evolução da situação”. Além disso, apontou, os meios no terreno são agora “praticamente o dobro” face aos que estavam na operação aquela hora.

O presidente do Chega/Madeira, partido que está representando no parlamento regional por quatro deputados, classificou como “incompreensível e irresponsável” a atitude do presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, de só aceitar a ajuda da República “quando a situação se agravou”.

O CDS-PP, que tem um acordo de incidência parlamentar com o PSD na Assembleia Legislativa Regional, pediu hoje o reforço de meios para combater os incêndios, ainda antes do anúncio do executivo madeirense.

JPP e IL também já manifestaram solidariedade com as populações afetadas pelo fogo, bem como com todos os operacionais envolvidos no combate.

Também o líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, já tinha criticado hoje a recusa em receber apoio da República, anunciada na sexta-feira à noite e reiterada esta manhã por fonte do gabinete de Albuquerque. O socialista considerou a decisão “incompreensível e irresponsável”.

Na sexta-feira, o PAN expressou "a sua preocupação com os incêndios" e destacou o "trabalho incansável dos bombeiros que estão na linha da frente no combate a estas chamas".

Movimento no aeroporto da Madeira condicionado devido ao vento

O vento está a condicionar desde o final da tarde de hoje o movimento de descolagens e aterragens no Aeroporto Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo, de acordo com a página da ANA - Aeroportos de Portugal.

Segundo a informação disponibilizada, às 19:50 tinham sido cancelados dois voos, um da Eurowings proveniente de Dusseldorf e outro da Ryanair oriundo do Porto.

Outros dois aviões, um da TAP com origem em Lisboa e outro da Entre Air, de Katowice (Polónia), tiveram de divergir para outros aeroportos.

O movimento no aeroporto da ilha da Madeira decorreu com normalidade até cerca das 18:30.

Capitania do Funchal emite aviso de vento forte para a orla marítima da Madeira

A capitania do Porto do Funchal emitiu hoje um aviso de vento forte para o arquipélago da Madeira que está em vigor até às 18:00 de domingo.

O aviso tem por base as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) relacionada com a situação geral do estado do tempo para a orla marítima, apontando para vento de norte/nordeste “fresco a muito fresco, sendo forte nos extremos leste e oeste da ilha da Madeira”.

A visibilidade no mar deve ser “boa” e as ondas vão ser na ordem dos 2,5 metros na costa norte e de um metro na parte sul, refere a autoridade marítima regional.

Face a esta situação meteorológica, a capitania recomenda o reforço das amarrações e vigilância apertada das embarcações atracadas e fundeadas.

Também desaconselha passeios junto ao mar ou em zonas expostas à agitação marítima e a prática da atividade da pesca lúdica, em especial junto às falésias e zonas de arriba frequentemente atingidas pela rebentação das ondas.

As previsões do IPMA

As previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) apontavam para “vento fraco a moderado de nor-nordeste, soprando forte até aos 45 quilómetros horários, em especial nas terras altas e nos extremos leste e oeste na ilha da Madeira”, situação meteorológica que se manterá nos próximos dias.

O IPMA também colocou também as todas as regiões da ilha da Madeira sob aviso laranja, sendo amarelo para o Porto Santo.

O aviso amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica, enquanto o aviso laranja é emitido sempre que existe situação meteorológica de risco moderado a elevado.