Segundo as conclusões do estudo “As indústrias transformadoras em Portugal 2012-2016 - Uma análise às empresas por nível de intensidade tecnológica”, do Banco de Portugal (BdP), “a maior parte [51%] das empresas do setor tinha sede na região Norte, ainda que a sua relevância, atendendo ao volume de negócios, fosse mais elevada nas regiões Centro (37%), Norte (35%) e Alentejo (31%)”.

Em 2016, os segmentos de baixa e de média-baixa tecnologia agregavam 91% das empresas e 75% do volume de negócios das indústrias transformadoras.

Os segmentos de alta e média-alta tecnologia, que agregavam apenas 10% das empresas das indústrias transformadoras, geravam 25% do volume de negócios e empregavam 17% das pessoas ao serviço do setor, “indiciando que as respetivas empresas apresentavam uma dimensão média superior à dimensão da empresa média do setor em 2016”.

Nesse ano, o volume de negócios do setor aumentou 1%, um crescimento inferior aos 2% observados para o total das empresas em Portugal, tendo a evolução da faturação das indústrias transformadoras entre 2012 e 2016 (a uma média de 0,5% ao ano) sido impulsionado pela indústria de baixa tecnologia, que contribuiu em 1,4 pontos percentuais para a taxa de variação do volume de negócios do setor em 2016.

Entre 2012 e 2016, as indústrias transformadoras apresentaram taxas de variação anual das exportações sempre superiores a 2%, quando considerando o total das empresas em Portugal tal apenas se verificou entre 2012 e 2014.

Segundo o BdP, durante este período “o mercado externo contribuiu de forma determinante para o aumento do volume de negócios do setor, compensando a redução no mercado interno”.

E, se em 2012 e 2013 o crescimento das exportações do setor foi impulsionado pela indústria de média-baixa tecnologia, entre 2014 e 2016 foi a indústria de baixa tecnologia que mais contribuiu para o aumento das vendas internacionais.

Analisando os gastos da atividade operacional das indústrias transformadoras, verifica-se que estes aumentaram 0,5% em 2016 (contra 1,7% no total das empresas), tendo o crescimento destas despesas desde 2012 sido “mais moderado do que o observado para o volume de negócios” devido à custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas ao longo de todo o período.

Esta evolução teve como resultado “um impacto positivo sobre as margens operacional e líquida do setor” que aumentaram, em cada um dos casos, três pontos percentuais face a 2012.

No que se refere aos capitais próprios, em 2016 financiavam 40% do ativo das indústrias transformadoras, uma proporção que o BdP nota ser “superior à registada para o total das empresas (32%)”, sendo que “cerca de um quarto dos capitais próprios das indústrias transformadoras correspondiam a investimento direto do exterior (IDE) em Portugal”.

A este propósito, é referido que a percentagem de capitais próprios correspondentes a IDE “era mais elevada nas indústrias de média-alta e alta tecnologia (51% e 26%, respetivamente)”.

Quanto ao passivo das indústrias transformadoras, em 2016 “a maior parte” correspondia a dívida remunerada, embora numa proporção inferior à observada para o total das empresas (51% e 57%, respetivamente).

Os empréstimos bancários representavam 51% da dívida remunerada do setor, apesar de os empréstimos concedidos pelo setor financeiro residente às indústrias transformadoras terem diminuído 11% entre 2012 e 2017 (26% para o total das empresas), apresentando o setor “sistematicamente rácios de incumprimento inferiores ao do total das empresas e decrescentes com a intensidade tecnológica dos segmentos”.

No final de 2017, o rácio de crédito vencido do setor situava- se nos 9,3% (13,5% no total das empresas), tendo variado entre os 1,6% na indústria de alta tecnologia e os 10% na indústria de baixa tecnologia.

“As indústrias transformadoras apresentavam também menores níveis de pressão financeira do que o total das empresas”, nota o BdP, referindo que os juros suportados em 2016 pelas empresas do setor absorveram 8% do seu EBITDA (resultados antes de impostos, juros, amortizações e depreciações), contra 17% no total das empresas.

Em 2016, a dívida comercial correspondia a 27% do passivo das indústrias transformadoras em 2016 (16% para o total das empresas), mas o financiamento líquido por dívida comercial era negativo, numa proporção equivalente a 4% do volume de negócios do setor.