O Presidente Ebrahim Raisi emitiu um decreto substituindo Shamkhani, alvo também de persistentes acusações de corrupção - sempre por ele negadas – e de acusações de manter laços estreitos com um britânico-iraniano enforcado no Irão por acusações de espionagem no início deste ano.

Shamkhani foi uma peça-chave nas negociações com o Ocidente sobre o acordo nuclear do Irão em 2015. Também esteve no cargo durante os anos de tensões que se seguiram à decisão do então presidente Donald Trump em 2018 de retirar unilateralmente os Estados Unidos do acordo.

O decreto, divulgado pela agência de notícias estatal Irna, não deu nenhuma explicação para a mudança.

Numa mensagem no Twitter na noite de domingo, enquanto circulavam rumores sobre o seu posto, Shamkhani postou enigmaticamente um verso de um poeta persa do século XIV, Mohtasham Kashani.

O seu substituto, uma figura da Guarda Revolucionária, assumirá o cargo enquanto o Irão enfrenta pressão económica resultante de sanções ocidentais e desafios após meses de protestos pela morte da jovem Mahsa Amini sob custódia da polícia de costumes, a par de uma reaproximação a países vizinhos árabes do Golfo, particularmente a Arábia Saudita.

Shamkhani ocupou o cargo quase uma década, mas não foi o secretário mais antigo do Conselho, que é o órgão de mais alto nível para lidar com questões de segurança no regime do líder supremo ayatollah Ali Khamenei: O ex-presidente Hassan Rouhani serviu na mesma função por 15 anos antes de assumir o cargo.

No entanto, acreditava-se que Shamkhani tinha a confiança de políticos de toda a teocracia do Irão de Khamenei.

Mas Shamkhani enfrentou cada vez mais críticas de dentro da teocracia e minutas supostamente reveladas no início deste ano de uma reunião sua com oficiais da Guarda Revolucionária reacenderam as acusações de corrupção de que era alvo, inclusive sobre negócios imobiliários e marítimos ligados à sua família.

Em janeiro, o Irão enforcou o britânico-iraniano Ali Reza Akbari, um aliado próximo do alto oficial de segurança Shamkhani, sob acusações de espionagem.

Uma mensagem de áudio de Akbari difundida pelo serviço persa da BBC dizia que era acusado de obter informações ultrassecretas de Shamkhani “em troca de um frasco de perfume e uma camisa”.

Shamkhani foi um guerrilheiro urbano durante a Revolução Islâmica de 1979 e comandou várias operações militares bem-sucedidas durante a guerra de oito anos do Irão com o Iraque na década de 1980.

O substituto de Shamkhani será Ali Akbar Ahmadian, ex-chefe do centro estratégico paramilitar da Guarda Revolucionária.

Uma biografia de Ahmadian, 62 anos, publicada hoje pela agência de notícias semioficial Fars, refere que serviu na marinha e que é conselheiro do líder supremo.