“O fluxo contínuo de ajuda humanitária foi aprovado pelo Governo de Israel como parte do quadro para a libertação dos reféns acordado com os Estados Unidos e mediado pelo Qatar e o Egito”, refere comunicado divulgado pelas IDF na noite de sexta-feira.

As IDF divulgaram também um vídeo que mostra uma longa caravana de camiões após uma inspeção de segurança, alegadamente em Rafah, posto fronteiriço egípcio por onde são abastecidas as organizações que prestam assistência no sul da Faixa de Gaza.

Ao 49.º dia, a guerra entre Israel e o Hamas conheceu pela primeira vez uma trégua, marcada por uma histórica troca de 24 dos reféns, incluindo uma luso-israelita em posse do movimento islamita, e 39 prisioneiros palestinianos.

Acompanhando a trégua de quatro dias, que entrou em vigor às 07:00 locais (05:00 em Lisboa), caravanas de ajuda humanitária puderam entrar na Faixa de Gaza, que se encontrava isolada e à beira do colapso, sem luz, água e combustível, e onde as unidades de saúde encerravam uma atrás da outra por falta de condições, com 2,4 milhões de habitantes do enclave a enfrentarem escassez de água e comida.

Às 16:00 locais (14:00 em Lisboa), o Hamas continuava a cumprir o acordado e começou a libertar a primeira parte dos reféns envolvidos no entendimento, 24 ao todo, incluindo 13 israelitas, 10 tailandeses e um filipino, entregues à Cruz Vermelha Internacional.

Mais tarde, coube a Israel cumprir a sua parte do acordo e libertar por sua vez 39 palestinianos que se encontravam em três prisões israelitas. Vinte e oito foram deixados na Cisjordânia, enquanto os outros 11 foram levados para Jerusalém Oriental.

No grupo estavam 15 menores e 24 mulheres, segundo a lista divulgada pela comissão responsável pelos prisioneiros da Autoridade Palestiniana, num dia marcado por reencontros, mas sem lugar a festejos exuberantes em Israel, onde a polícia anunciou que proibia qualquer celebração da libertação de prisioneiros em Jerusalém.

A trégua permitiu à ONU aumentar a entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza onde foram hoje descarregados 137 camiões, segundo a agência das Nações Unidas responsável pela coordenação humanitária (OCHA), a “maior caravana humanitária” a entrar no enclave desde o início do conflito.

A agência especificou que 129 mil litros de combustível também conseguiram atravessar a fronteira para Gaza e que 21 pacientes em situação crítica foram retirados do norte do enclave.

No total, 200 camiões partiram de Nitzana – uma zona de Israel perto da fronteira com o Egito onde as forças israelitas realizam inspeções a estes veículos – em direção a Rafah, informou a ONU em comunicado, sem indicar o motivo pelo qual nem todos os camiões entraram ao mesmo tempo em Gaza.

“As Nações Unidas saúdam a libertação de 24 reféns mantidos em cativeiro em Gaza desde 07 de outubro e reiteram o seu apelo à libertação imediata e incondicional dos restantes”, concluiu a agência.

O grupo islamita do Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.

Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.