“Se a escalada israelita continuar, não vamos parar antes da Marcha das Bandeiras”, disse a Jihad Islâmica Palestiniana (JIP), referindo-se à polémica manifestação israelita ultranacionalista marcada para a próxima quinta-feira.

Fontes oficiais israelitas confirmaram que abandonaram as conversações no Cairo para um cessar-fogo, depois de a JIP ter lançado novo disparos de foguetes em direção a cidades do sul de Israel, mas também a Telavive e Jerusalém.

A Marcha das Bandeiras — que este ano tem autorização para entrar no bairro muçulmano da Cidade Velha, na zona oriental — tem sido foco de conflito todos os anos e foi uma das causas da escalada de tensão em maio de 2021 entre Israel e as milícias de Gaza.

Hoje, a aviação israelita efetuou novos bombardeamentos, pelo quarto dia consecutivo, contra alvos da JIP na Faixa de Gaza, especialmente na área de Rafah, a sul do enclave, onde 31 pessoas morreram (pelo menos 15 civis, incluindo seis crianças), além de uma em Israel.

Esta nova troca de tiros destruiu as esperanças de um acordo para acabar com nova escalada de conflito após 12 horas de calma, enquanto continuam os esforços de paz mediados por Egito, Qatar e Nações Unidas.

De acordo com a rádio oficial do Exército israelita, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenou a continuação dos ataques dirigidos contra alvos da Jihad Islâmica, que já perdeu 16 elementos, incluindo oito comandantes de alto escalão nesta escalada que começou na terça-feira.

A nova onda de violência, a maior entre Gaza e Israel desde agosto de 2022, começou terça-feira com ataques israelitas em território palestiniano, visando a JIP, uma organização considerada terrorista por Israel, pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos.

O Egito intensificou desde quarta-feira os esforços para acalmar a situação em Gaza e espera chegar a um acordo entre as duas partes, especialmente depois de ter recebido uma resposta positiva de Israel na noite passada.

Na quinta-feira, o Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos manifestou-se “alarmado” com o aumento da violência israelo-palestiniana na Faixa de Gaza e pediu a cessação das hostilidades num conflito que, em quatro dias, provocou cerca de três dezenas de mortes.

“Devem ser efetuadas investigações rápidas e transparentes sobre todos os assassínios, especialmente os de civis”, afirmou o Gabinete da ONU, num comunicado divulgado pelo porta-voz Jeremy Lawrence, que levanta “sérias dúvidas” sobre se os ataques aéreos israelitas, muitos contra edifícios residenciais, “respeitam o direito internacional”.