Terça-feira, o chefe do executivo israelita, Benjamim Netanyahu, anunciou o envio de uma “quantidade limitada” de vacinas não utilizadas para os palestinianos e também a outros países, em que dois deles anunciaram o reforço da presença diplomática em Jerusalém.

Hoje à noite, o Ministério da Justiça israelita referiu que, atendendo a pedidos da população, o Procurador-Geral está a verificar se as vacinas foram enviadas para o exterior do país sem autorização.

Num comunicado, o ministério adiantou que o conselheiro de Segurança Nacional Meir Ben-Shabbat pediu aconselhamento jurídico ao Procurador-Geral sobre a decisão de doar as vacinas.

Segundo o comunicado, Ben-Shabbat informou o Procurador-Geral que foi dada uma ordem para o “congelamento de todas as atividades relacionadas com a questão”.

Um funcionário do gabinete do primeiro-ministro confirmou que Netanyahu tem conhecimento do pedido de Ben-Shabbat, salientando, contudo, não existir nenhuma falta de doses de vacinas para os israelitas e que a quantidade definida para as doar a países estrangeiros é “simbólica e dá uma boa imagem de Israel no mundo”.

Israel já enviou 2.000 das 5.000 doses para a Cisjordânia ocupada para os profissionais de saúde da Autoridade Palestiniana, decisão aprovada pelo Comité de Segurança Ministerial e pelo Procurador-Geral.

Hoje de manhã, o ministro da Defesa israelita, Benny Gantz, criticou a decisão de Netanyahu e, ao opor-se, exigiu a imediata suspensão do processo.

Numa carta ao chefe do executivo, Gantz solicitou uma reunião “sem demora” do Gabinete de Segurança israelita para rever a decisão, que “deve passar por canais e processos democráticos para evitar prejudicar a segurança de Israel” e os interesses no estrangeiro.

O fornecimento de vacinas compradas por Israel a países terceiros — entre os quais está as Honduras, onde chegaram hoje milhares de doses doadas pelos israelitas — “nunca foi abordado” nos órgãos governamentais “relevantes”, denunciou o ministro da Defesa em comunicado.

No documento, Gantz salienta que as doses são um “ativo nacional” e que o facto de Netanyahu ter tomado a decisão de doar parte do lote acumulado a outros Estados é prejudicial, já que “a maioria da população em Israel ainda não recebeu a segunda vacina”.

Israel lidera a vacinação mundial por percentagem de população inoculada, com mais de 4,5 milhões de pessoas com a primeira dose e 3,2 milhões com a segunda, numa população de cerca de nove milhões de pessoas.

A reação de Gantz chegou depois de Netanyahu ter anunciado, na terça-feira, ter enviado vacinas a outros países que, segundo a imprensa local, são alguns dos principais aliados de Israel, a quem recompensaria pelo apoio diplomático ao Estado hebreu.

Entre eles, além das Honduras, estariam também a Guatemala, Hungria ou República Checa.

A Guatemala, assim como os Estados Unidos, mudou a sua embaixada para Jerusalém em 2018, e as autoridades hondurenhas, húngaras e checas prometeram seguir o mesmo caminho e já abriram escritórios com estatuto diplomático na Cidade Santa.

Israel considera esta cidade no seu conjunto como a sua capital, enquanto os palestinianos reclamam a parte oriental como capital do seu futuro Estado.

A comunidade internacional continua a referir-se a Jerusalém Oriental como território ocupado e anexado.

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