Draghi apresentou na quinta-feira passada a demissão ao Presidente, Sergio Mattarella, mas este recusou, convencendo o primeiro-ministro a voltar ao Parlamento, na próxima quarta-feira, para uma avaliação do apoio político ao seu Governo de coligação, que entrou numa profunda crise.
O problema é que Draghi até pode ter o apoio parlamentar suficiente para continuar no cargo, mas já confessou que não quer continuar a governar com as sistemáticas críticas e boicotes da principal força política na sua coligação: o partido populista antissistema Movimento Cinco Estrelas (M5S).
Centenas de presidentes de câmara subscreveram uma carta aberta e líderes sindicais e empresários, que muitas vezes têm agendas opostas, uniram-se para pressionar Draghi a continuar a governar.
A Itália e outros países europeus enfrentam crescentes custos de energia, subida da inflação e aumento de casos da doença covid-19 e ainda os efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Acresce a estas dificuldades os efeitos de uma seca severa no país, como sucede noutros países do sul da Europa.
Hoje à tarde – três dias depois de os senadores do M5S terem boicotado um voto de confiança vinculado a um pacote social para lidar com o aumento vertiginoso da inflação – mais de 80.000 cidadãos assinaram a petição ‘online’ “Draghi Stay”, lançada pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, que lidera um pequeno partido centrista no governo de Draghi, no cargo há 17 meses.
“Vamos mobilizar de todas as formas para trazer Draghi de volta ao Palácio Chigi (o gabinete do primeiro-ministro)”, escreveu Renzi na rede social Twitter.
Originalmente, a carta era assinada por 11 presidentes de câmara, incluindo os de Roma e Milão, mas rapidamente ganhou o apoio de várias centenas de presidentes de câmara de outras cidades, informou hoje a televisão estatal RAI.
Os autarcas citaram os problemas dos cidadãos comuns como algumas das “boas razões” para Draghi continuar a liderar o governo.
Os mercados financeiros consideram Draghi, que liderou o Banco Central Europeu, como um pilar da sólida governança fiscal para a Itália, que está a receber milhares de milhões em fundos de recuperação da União Europeia.
Em última análise, Mattarella deve decidir o que fazer se Draghi na quarta-feira insistir em renunciar.
Mattarella poderia dissolver o Parlamento, provocando eleições antecipadas no final de setembro, mas também pode ver se há apoio político para que um governo de agenda limitada permaneça no cargo até que os legisladores italianos aprovem o orçamento nacional, necessário até ao final do ano.
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