“O massacre é da responsabilidade do Hamas e não de Israel”, disse o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Antonio Tajani, durante uma entrevista ao canal televisivo Sky TV.

Tajani disse estar convencido de que as vítimas da explosão no Hospital Al Ahli, em 17 de outubro, eram “50 e não 500”, como afirmou o grupo islamita Hamas, que controla Gaza desde 2007.

Logo após a explosão, o Hamas acusou Israel de ter atacado o hospital com um míssil e provocado cerca de 500 mortos.

O exército israelita divulgou depois uma série de provas, incluindo imagens e conversas intercetadas, para negar qualquer responsabilidade e atribuiu a explosão a um disparo falhado de um foguete pelas milícias palestinianas em Gaza.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi o primeiro líder ocidental a aceitar a versão israelita, a que se seguiram outros dirigentes, como o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.

“É preciso evitar o impacto nefasto da propaganda”, afirmou o chefe da diplomacia italiana.

Tajani considerou que a reação de Israel tem sido “proporcional à agressão cobarde” de que foi alvo por parte do Hamas, numa alusão ao ataque de 07 de outubro, que as autoridades israelitas disseram ter causado mais de 1.400 mortos.

O Hamas também raptou mais de duas centenas de israelitas e estrangeiros que mantém como reféns na Faixa de Gaza, quatro dos quais foram entretanto libertados.

Na sequência do ataque, Israel declarou guerra ao Hamas e mantém a Faixa de Gaza cercada e sujeita a bombardeamentos constantes que já provocaram mais de 5.300 mortos, de acordo com o grupo islamita.

Tajani disse que o conflito entre o Hamas e Israel não será curto e defendeu a necessidade de evitar que alastre regionalmente.

“Tudo deve ser feito para manter o Líbano e o Irão fora, a situação é complexa e pode mudar a qualquer momento, de minuto a minuto”, afirmou.

Tajani disse ainda que o Hamas não representa a totalidade do povo palestiniano e que a Autoridade Palestiniana, liderada por Mahmoud Abbas e com sede em Ramallah, na Cisjordânia, é o único interlocutor legítimo.

“Dois povos e dois Estados é um objetivo pelo qual devemos trabalhar e do qual nunca devemos abdicar, sob pena de cedermos à lógica da guerra”, acrescentou.

O Hamas é considerado uma organização terrorista pela União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos e Israel.