“Há necessidade de fazer uma intervenção urgente dos janelões que circundam os órgãos”, afirmou à agência Lusa Dinarte Machado, que tem vindo a alertar o Ministério da Cultura desde que foi concluído o restauro dos seis órgãos históricos, em 2010.
Para o mestre organeiro, “há risco de haver vidros partidos nos janelões dos órgãos e se isso acontecer [haverá] água nos órgãos, o que os destruiria de imediato, o que não é admissível, depois de ter sido efetuado o restauro e, mais recentemente, obras de conservação nos instrumentos”.
O diretor do Palácio Nacional de Mafra, Mário Pereira, admitiu à Lusa que, “passados 15 anos da última intervenção, é bom que haja uma intervenção por causa das infiltrações”.
Quando se apercebe de um vidro partido ou em risco de partir “no próprio dia é substituído”, assegurou.
Questionada pela Lusa, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) respondeu que “prevê avançar com uma intervenção de melhoria das janelas e portas do Palácio Nacional de Mafra”, a ser “oportunamente calendarizada”.
Nos últimos meses, enquanto decorrem obras nas torres sineiras do palácio para o restauro dos respetivos sinos e carrilhões, os pombos que aí existiam têm vindo a procurar outros refúgios, entrando de forma esporádica dentro da basílica.
Ao contrário do que antes acontecia, nas últimas semanas foram detetados dois a três pombos no interior da basílica, disseram à Lusa o mestre organeiro e o organista e diretor artístico do programa de concertos, João Vaz, o que foi confirmado pelo diretor do Palácio.
“Se os pombos entram é porque há vidros partidos ou a cair e isso é sinal de preocupação, porque podem provocar danos nos órgãos”, sublinhou Dinarte Machado.
Mário Pereira garantiu que os pombos já saíram e que “não há vidros partidos, ainda assim, os pombos têm entrado pelo zimbório e pela porta principal da basílica”.
À Lusa, a DGPC esclareceu que a entrada de pombos foi um “episódio pontual relacionado com a recente intervenção” nas torres sineiras, tendo sido “tomadas todas as medidas necessárias para a resolver”.
Segundo a DGPC, nas vistorias que são efetuadas constantemente, “foi detetado um vidro partido, que terá contribuído para a entrada de pombos, mas foi reparado de imediato”.
Um visitante do palácio remeteu uma carta à DGPC e à ministra da Cultura, a que a Lusa teve acesso, a alertar para a existência de dejetos de pombos na galilé e dois pombos no interior da basílica, “voando entre os vários órgãos”.
Mandado construir por João V no século XVIII, o Palácio Nacional de Mafra é detentor do maior conjunto sineiro do mundo, composto por dois carrilhões e 119 sinos, e seis órgãos históricos, concebidos para tocarem em conjunto, o que constitui caso único em todo o mundo.
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