Falando numa ceia de fim de ano promovida pelo PCP de Braga, Jerónimo de Sousa sublinhou que Portugal "tem uma das maiores dívidas do mundo", que deixa o país "amarrado de pés e mãos".
"É preciso renegociar a dívida para que Portugal possa crescer e desenvolver-se", criticando aqueles, "incluindo o Governo e o Presidente da República", que dizem que não é tempo de discutir a renegociação da dívida e que "até avançam" com a ideia de que é preciso esperar pelas eleições em países como a Alemanha, a França e a Holanda.
"Um país que se quer soberano, um povo que quer ser livre, pode estar dependente das eleições na Alemanha, na Holanda e na França ou, pelo contrário, temos o direito de propor essa renegociação independentemente dos resultados [eleitorais] estrangeiros?", questionou.
Na sexta-feira, o Presidente da República considerou "prematuro e extemporâneo" fazer uma discussão sobre a renegociação da dívida portuguesa, face ao período de eleições que vai ter lugar, durante o próximo ano, em vários países fundadores da União Europeia.
"Estar a especular sobre cenários europeus num ano em que vai haver eleições em várias das economias fundadoras da União Europeia, até, praticamente, daqui a um ano, estar a especular sobre o que será a Europa nessa altura, e estar a fazer um debate sobre matéria da dívida, é completamente prematuro e extemporâneo. Não faz sentido", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Hoje, na sua intervenção em Braga, Jerónimo de Sousa defendeu a discussão da renegociação, lembrando que só em serviço da dívida Portugal vai ter de pagar, num ano, 8.500 milhões de euros.
"Daria para pagar todo o Serviço Nacional de Saúde durante um ano", enfatizou.
Para o líder comunista, Portugal, com a dívida e a dependência do euro, está "amarrado de pés e mãos".
Em relação à atual solução governativa, Jerónimo disse que dela já resultaram alguns "avanços", embora "limitados", nomeadamente em termos de reposição de rendimentos dos trabalhadores e dos pensionistas.
"São avanços limitados, mas importantes", referiu.
Ressalvou, no entanto, que o país ainda tem "grandes problemas" por resolver, entre as quais o aumento do salário mínimo nacional para os 600 euros, que o PCP quer que se concretize já a partir de janeiro de 2017.
Outra questão que o PCP quer ver resolvida tem a ver com a precariedade dos vínculos laborais.
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