“Não se pode deixar de se constatar a existência de contradições e limitações decorrentes das opções políticas do governo do PS", referiu o dirigente, num almoço com militantes, notando haver uma "resistência quando se inviabiliza alterar o Código de Trabalho e a legislação laboral da Administração Pública, extinguindo normas impostas pelo anterior governo e lesivas dos direitos dos trabalhadores”.
O líder comunista notou nomeadamente uma resistência à “não eliminação da caducidade na contratação coletiva", mas que “se aceita como uma boa solução, por exemplo, a renovação de PPP na saúde ou a opção de entrega do Novo Banco ao grande capital” e as regras da União Europeia.
Acrescentando a necessidade de se proibir a caducidade dos contratos de trabalho, Jerónimo de Sousa admitiu as críticas diretas ao executivo de António Costa.
“Sim, camaradas, criticamos o Partido Socialista”, afirmou o dirigente, recordando que enquanto deputado à assembleia constituinte se decidiu “tomar partido por uma parte, pela parte dos trabalhadores, da parte dos mais fracos e esse princípio está na Constituição, com o voto do PS”.
Assim, o PCP “não concebe, nem admite” que o PS “se ponha do lado do poder económico e não dos trabalhadores e da Constituição nesse tratamento mais favorável”.
O dirigente referiu ainda que “graves” problemas económicos e sociais “exigem um outro patamar de resposta política, inviável no atual quadro de constrangimentos e condicionamentos externos”, enumerando como problemas o desemprego, a precariedade, baixos salários e reformas, assim como “os insuficientes níveis de crescimento económico e a injusta distribuição da riqueza”.
“Problemas que não encontrarão resposta, antes se adiarão e retardarão na sua solução se as orientações e objetivos constantes no Programa de Estabilidade e no Plano Nacional de Reformas, esses instrumentos de ingerência e policiamento impostos pela União Europeia e pelo euro que o governo minoritário do PS agora aprovou, se confirmarem como opções da política governativa dos próximos anos”, disse.
Discursando no almoço comemorativo do 43.º aniversário do 25 de Abril, em São João da Talha, o líder comunista considerou que o programa e o plano “têm aprofundado a crise no país”, além de condicionarem “gravemente a decisão soberana” de Portugal por imporem metas ao défice e à divida e assim “determinarem de antemão” políticas nacionais.
“Com tais instrumentos o país não irá longe”, resumiu.
O político reafirmou a necessidade de combater a precariedade e alterações às regras das reformas que “corresponda às justas expectativas dos trabalhadores”.
O secretário-geral do PCP manifestou ainda a “séria preocupação” quanto à situação internacional, referindo a “instabilidade que tem vindo a ampliar-se” com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Notando a “escalada militarista” dos norte-americanos, Jerónimo de Sousa referiu nomeadamente o bombardeamento da Síria, a ‘super-bomba’ no Afeganistão e o confronto com a Coreia para ilustrar o que apelidou de “deriva belicista”.
“O PCP condena firmemente a política agressiva do imperialismo norte-americano e da NATO e a cumplicidade das grandes potências da União Europeia”, referiu.
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