"Anda mal o Governo minoritário do PS se insistir em opções que ignorem o reforço dos direitos dos trabalhadores, a valorização da contratação coletiva, a revogação das normas gravosas da legislação laboral. É necessário fazer justiça aos que depois de uma vida de trabalho tenham direito à reforma por inteiro e sem penalizações", declarou Jerónimo de Sousa, num evento de pré-campanha autárquica, em Lisboa.

Para o líder comunista, "o que os trabalhadores e o povo esperam é que se reforce o investimento nas funções sociais do Estado, que assegure o seu direito de acesso à saúde, à educação e à cultura ou que se dê resposta aos problemas dos transportes públicos, e não que se prossiga a redução do défice, ao sabor dos ditames do ministro das Finanças alemão ou amarrados a uma dívida que esgota os recursos nacionais".

A dirigente e líder parlamentar de "Os Verdes", Heloísa Apolónia, e o membro da Associação Intervenção Democrática João Vicente também discursaram no ato público que selou a declaração de princípios da comissão coordenadora da CDU para as eleições autárquicas de setembro/outubro.

"O reforço do PCP tornará mais próxima a concretização da política alternativa patriótica e de esquerda de que Portugal precisa para dar resposta aos problemas do país e assegurar o desenvolvimento soberano a que tem direito", defendeu o secretário-geral comunista, vincando a necessidade de recuperar para o Estado "o controlo sobre empresas e setores estratégicos, a começar pela banca", além da "renegociação da dívida" e "libertação da submissão ao Euro".

Jerónimo lamenta Governo “mais papista que o papa” e ameaças do BCE

O líder comunista, Jerónimo de Sousa, lamentou hoje que o Governo tenha sido "mais papista que o papa" na redução do défice, condenando as constantes ameaças do Banco Central Europeu (BCE) que limitam a soberania e o desenvolvimento de Portugal.

"Ainda ontem, o BCE, que foi um fiel guardião da exigência de Portugal baixar o défice, transformando-o em algo sacramental, ameaçando, dizendo que ia sancionar... O Governo mais papista que o papa veio baixar o défice para um nível que nem sequer era reivindicado pelo BCE", afirmou o secretário-geral do PCP.

O BCE defendeu no seu mais recente boletim mensal que as ferramentas do Procedimento por Desequilíbrios Macroeconómicos sejam totalmente aplicadas a Portugal, o que pode levar, em última análise, à aplicação de uma multa, caso o país não adote reformas ambiciosas.

No final de fevereiro, a Comissão Europeia identificou desequilíbrios macroeconómicos excessivos em Portugal: o elevado endividamento (externo, público e privado), o peso do crédito em incumprimento e o desemprego ainda alto.

"Resolvido o problema, ontem aí está nova ameaça. Agora, já não é o défice, é porque não se cumpriram os objetivos de política macroeconómica, amanhã será outra coisa. Isto demonstra que enquanto Portugal não se libertar destas amarras, quanto mais se baixar, pior", lastimou Jerónimo de Sousa.

Segundo o líder do PCP, "Portugal vai perdendo a sua soberania, perdendo a possibilidade de uma política de desenvolvimento, crescimento económico, justiça social e progresso".