“O meu partido precisa ainda da minha contribuição”, disse Jerónimo de Sousa numa entrevista, na segunda-feira à noite, ao programa Polígrafo, na SIC-Notícias.
No final de uma conversa de quase 30 minutos, Jerónimo, 73 anos, foi questionado sobre o seu futuro à frente do partido, que lidera desde 2004, e deu uma resposta longa, sem nunca abrir o jogo sobre o que fará.
“É o congresso que elege o comité central e o comité central que elege o secretário-geral. Tenho muita confiança no acerto da decisão do comité central, sempre com este sentimento que tenho: o meu partido precisa ainda da minha contribuição. E, sejam quais forem as circunstâncias, há uma coisa que posso garantir: continuarei a ser comunista, continuarei a dar ao meu partido o melhor que puder dar, na medida em que ele deu-me muito a mim também, na minha formação e na forma de estar na vida”, disse.
E disse confiar ma decisão dos seus camaradas tomarem, antes de ser questionado sobre se esperava vir a ter a confiança do partido: “Não espero nem desespero. Tenho este sentimento de confiança de que haverá um acerto na decisão em relação a essa responsabilidade.”
O líder dos comunistas, que em 20 de setembro a admitiu implicitamente continuar à frente do partido, aconselhando a que se apostasse numa “tripla” quanto ao seu futuro – “sair, ficar ou ficar mais um bocadinho”, repetiu, por três vezes, que a questão do secretário-geral “não vai ser um problema” no congresso.
Jerónimo de Sousa admitiu pela primeira vez não se recandidatar à liderança do partido porque "é da lei da vida", embora frisando não ir "calçar as pantufas" e que se manterá como militante comunista, numa entrevista à Lusa em março de 2019.
Nos meses seguintes não repetiu a afirmação e manteve a dúvida.
No início de setembro, durante uma visita à festa do Avante, Jerónimo manteve o mistério sobre a sua continuidade ou não à frente dos destinos do partido, recusando a ideia de "tabu".
"Tabu, não", respondeu, a rir, aos jornalistas referindo que "a vida tem a sua dinâmica".
O secretário-geral é eleito pelo comité central, no XXI congresso do PCP, agendado para novembro, que, antes, elege o novo comité central em resultado do debate interno que será feito nos próximos meses.
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