"PS, PSD e CDS deviam corar de vergonha quando, ao fim de cada ano, se conhecem as centenas de milhões de lucros e dividendos destas empresas privatizadas, lucros e dividendos que voam, na sua maioria, para o estrangeiro e que tanta falta fazem ao país", disse Jerónimo de Sousa.

O líder comunista, que falava na sessão de encerramento V Assembleia da Organização Regional do Litoral Alentejano do PCP, no auditório Municipal António Chainho, em Santiago do Cacém, responsabilizou também o PS pelo incumprimento das promessas feitas em relação ao adicional sobre o ISP (Imposto sobre Produtos Petrolíferos).

"Se há compromisso não cumprido é do governo do PS. Foi o governo do PS que, quando da introdução do adicional do ISP, o assumiu numa lógica de neutralidade fiscal face ao preço do petróleo e não como uma nova fonte de maior tributação dos portugueses. É isso que deve ser corrigido e que o PCP se baterá para materializar, tendo também por certo que o peso do preço dos combustíveis está, como já dissemos, muito para lá desta questão e radica, principalmente, na consequência da privatização da GALP e na liberalização do seu preço, em que PS, PS e CDS têm um percurso comum", justificou.

Jerónimo de Sousa recusou também a ideia de que o mérito pela eventual redução dos combustíveis possa ser atribuído ao CDS, defendendo que se trata de "um embuste" que não corresponde à realidade dos factos.

"O CDS não se preocupou com a economia nacional quando tratou de privatizar empresas e liberalizar os preços, nem pestanejou quando, juntamente com o PSD, impôs ao povo português o agravamento do IVA sobre a eletricidade, gás natural e de botija, de 6 para 23 por cento", disse.

"Aquilo que verdadeiramente preocupa o CDS, hoje e sempre, não são os impostos ou o preço dos combustíveis, mas a garantia de lucros, absolutamente obscenos sejam da GALP, da EDP ou da REN", acrescentou o dirigente comunista.

Perante de centenas de delegados à assembleia regional do Litoral Alentejano, Jerónimo de Sousa reiterou, uma vez mais, o aviso que tem vindo a repetir quanto à aprovação do Orçamento de Estado para 2019, deixando claro que o PCP só vai decidir o sentido de voto em função da proposta que for apresentada pelo Governo minoritário do PS.

"É do exame concreto que fizermos o Orçamento, da verificação se ele corresponde aos interesses dos trabalhadores e do povo, no caminho que faça no sentido do avanço na reposição de direitos e do desenvolvimento do país, que, obviamente, decidiremos. O nosso compromisso continua a ser com os trabalhadores e com o povo. E esse é o compromisso que nós respeitaremos", disse Jerónimo de Sousa.

Referindo-se às grandes questões do litoral alentejano, Jerónimo de Sousa sublinhou, entre outras matérias, a importância da conclusão de diversas vias de comunicação, designadamente das ligações entre Sines, Grândola e Évora, bem como da ligação entre Santiago do Cacém, Odemira e Lagos (Algarve).