No dia em que Castrim, que morreu há 18 anos, faria 100 anos, o PCP juntou, no centro de trabalho Vitória, em Lisboa, amigos, camaradas e a companheira, a escritora Alice Vieira, que lembrou o seu companheiro, “homem de amizades improváveis”, e que “era profundamente comunista e profundamente católico”.
Contra a “usura do tempo” que pode levar ao esquecimento, Jerónimo de Sousa referiu-se à “obra intelectual” de Castrim, mas, “acima de tudo”, ao “cidadão lutador que foi numa vida toda, exemplo de coragem e de determinação” que “dá força nestes tempos tão exigentes e complexos”.
E terminou a breve intervenção - menos de cinco minutos - a recitar o poema “Urgente” em que Mário Castrim começa a pedir ao “camarada na frente de combate” que o ensine a “escrever versos” e termina com um pedido: “Ensinai-me / os segredos / pois sinto que os meus versos / me escapam entre os dedos”.
Em dia de memórias, Jerónimo de Sousa recordou que um dia pediu a Mário Castrim para se preparar para uma entrevista na televisão com “dois jornalistas de nomeada”.
“‘Tu, que vens de onde vens, que confrontas os teus adversários na Assembleia da República, transportando o saber da fábrica, precisas da minha ajuda? Passa bem, camarada’. E foi-se embora”, relatou, na sessão em que foi apresentado o livro “Mais Poemas do Avante”, acrescentando que a entrevista "correu bem".
A Alice Vieira coube lembrar o companheiro, homem de "amizades improváveis", e contou que hoje, no dia em que Mário Castrim faria 100 anos, recebeu telefonemas de várias pessoas, entre elas o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ou do fadista João Braga.
E falou dos “lados” do companheiro, que era comunista e católico, que tanto escrevia para o Avante como para os missionários combonianos.
Mário Castrim, pseudónimo de Manuel Nunes da Fonseca, foi jornalista, escritor e pioneiro na crítica de televisão, onde ficou conhecido pelo seu humor cáustico, morreu em 2002 aos 82 anos.
Crítico de televisão, no Diário de Lisboa e no semanário Tal & Qual, Mário Castrim, militante comunista, colaborava frequentemente para o jornal oficial do PCP, Avante, com a publicação de poemas.
No seu percurso literário, escreveu e publicou vários livros infanto-juvenis, como “As aventuras da girafa Gira Gira” ou “O Cavalo do Lenço Amarelo é Perigoso” e ainda “Televisão e Censura” e duas obras de poesia, “Nome de Flor” e “Viagens”.
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