Segundo o mais recente balanço das autoridades, só hoje – dia em que foi inaugurada em Jerusalém a embaixada dos Estados Unidos -, os soldados israelitas já abateram a tiro 52 palestinianos e feriram 2.420, fazendo ascender a 106 o número de civis palestinianos que se manifestavam pacificamente no âmbito da Grande Marcha do Retorno e foram mortos desde 30 de março, o Dia da Terra.
“Liberdade para a Palestina, Paz no Médio Oriente”, lia-se numa faixa que alguns manifestantes seguravam em frente ao palco onde discursaram os representantes das quatro organizações que convocaram o protesto – Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), Movimento Democrático de Mulheres (MDM), Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) e Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN) -, às quais se juntaram mais de 40 outras organizações.
Em declarações à Lusa, o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, frisou que “o povo palestiniano está a ser sujeito a um massacre perpetrado por Israel, mas apoiado pelos Estados Unidos da América”.
“Estamos a assistir a um atentado: um atentado aos Direitos Humanos, ao direito deste povo a ter uma pátria livre e soberana e a, simultaneamente, poder viver em paz com todos os povos da região”, sustentou.
O dirigente sindical indicou que a CGTP foi um dos organismos que convocaram o protesto “porque não pode deixar de denunciar esta postura anti-humana por parte de Israel e também dos Estados Unidos”.
“Estamos solidários com o povo da Palestina e temos a consciência de que este é um povo heroico, que vai continuar a lutar para atingir os seus objetivos: o direito a viver livremente na sua terra”, vincou.
E precisou: “A terra onde nasceram, onde vivem, onde querem trabalhar e são impedidos pelos israelitas, mas, acima de tudo, onde querem ser felizes. É isso que Israel e os Estados Unidos neste momento estão a impedir: que o povo palestino seja feliz na sua terra”.
Por sua vez, o vice-presidente do CPPC, Filipe Ferreira, disse à Lusa que “a decisão [do Presidente norte-americano, Donald Trump] de mudar a embaixada [dos Estados Unidos] para Jerusalém é algo que vai contra todas as resoluções das Nações Unidas em relação à solução para Jerusalém, que é previsto ser capital dos dois Estados: Jerusalém Oriental, capital da Palestina, e Jerusalém Ocidental, capital de Israel”.
Segundo o responsável, esta decisão norte-americana “tenta concretizar algo que Israel já faz há anos, por expulsão dos habitantes palestinianos de Jerusalém, que é anexar toda a cidade no Estado de Israel, o que é inaceitável”.
“Estamos a viver uma escalada de violência (…) e acreditamos que a solução tem que ser o diálogo e a paz”, defendeu.
Para alcançar essa solução pacífica, na sua opinião, “muito depende das pessoas”.
“E também das pessoas que estão aqui hoje e da pressão que temos de fazer junto do Governo português para que reconheça o Estado da Palestina, para que, nas instituições internacionais em que participa, defenda o que diz a Constituição da República Portuguesa: a solução pacífica dos conflitos, o respeito pela soberania. Obviamente, a agressão a outros Estados está fora de questão”, observou.
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