Esta imagem, contudo, tem suscitado muitos comentários nas últimas horas, sobretudo negativos. Após a divulgação do selo, foram vários os comentários negativos publicados nas redes sociais, os quais remetem para o imaginário gráfico do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo e o colonialismo.
Quem está contra?
Pelas críticas nas redes sociais, muita gente. Por sua vez, dentro da Igreja Católica, o bispo português Carlos Moreira Azevedo, delegado do Comité Pontifício para as Ciências Históricas, considerou hoje de “péssimo mau gosto” a imagem do selo comemorativo da Jornada Mundial da Juventude lançado pelo Vaticano.
Para o bispo português, “certamente o Papa Francisco não se identifica com esta imagem nacionalista” que, na sua ótica, “contraria a fraternidade universal”.
Para Carlos Azevedo, que exerce as suas funções no Vaticano, o selo “recorre a uma obra muito conotada” e “evoca epicamente uma realidade pastoral que não corresponde a esse espírito”.
Qual era a ideia do selo?
De acordo com o Vaticano, esta imagem, elaborada pelo ilustrador italiano Stefano Morri, pretendia fazer ver a forma como o Papa Francisco "conduz os jovens e a Igreja".
“Da mesma forma como o timoneiro D. Henrique lidera a tripulação na descoberta do novo mundo, assim também no selo do Vaticano o Papa Francisco conduz os jovens e a Igreja. É uma imagem do Papa num monumento de Lisboa, simbolizando, numa espécie de alegoria, a barca de S. Pedro e o Papa conduzindo os jovens e a Igreja para uma nova época”, refere uma nota publicada no site de notícias do Vaticano, Vatican News.
Rosa Pedroso Lima, porta-voz da Fundação JMJ Lisboa 2023, disse também à agência Lusa que “este é um selo de promoção da JMJ elaborado pelos serviços de filatelia e numismática do Vaticano”, salientando também que “haverá sempre várias leituras sobre o que quer que seja numa obra de arte, seja ela um selo ou uma ilustração. Esta é a leitura que o Vaticano faz e o objetivo é o de promover a Jornada Mundial da Juventude”.
“Outras leituras e outros objetivos são abusivos em relação às intenções expressas pelo Vaticano”, acrescentou, sublinhando que o mundo sabe que “o Papa Francisco é um Papa empenhado no respeito, na quebra de muros, no alargamento de fronteiras, na comunicação de povos, culturas e religiões, e essa é a mensagem fundamental do Papa. Sempre foi, continuará a ser e será na Jornada Mundial da Juventude”.
O selo tem um custo?
Sim. O selo em causa tem um valor facial de 3,10 euros e uma tiragem de 45 mil unidades. Já o carimbo comemorativo, em formato circular, que representa o logótipo oficial da JMJ de Lisboa, será usado pela agência dos correios “Arco delle Campane”, na Praça São Pedro.
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