Em declarações à agência Lusa, Joacine considerou que o episódio de violência policial que levou à morte de George Floyd, nos Estados Unidos da América, à semelhança de muitos outros episódios de “violência racial” no mundo, têm sido os “expoentes mediáticos” de “males a combater”, como o “neofascismo, a violência racista e a misoginia crescente”.
Joacine Katar Moreira foi a primeira mulher negra a encabeçar uma lista de um partido a eleições legislativas e foi eleita em 2019, pelo Livre, partido que lhe retirou a confiança política, e mantém-se como deputada não inscrita desde fevereiro.
A atual deputada não inscrita entregou no parlamento um projeto de resolução que recomenda ao Governo a criação de uma campanha nacional antirracista veiculada pelos media e divulgada nas escolas, forças de segurança e instituições públicas, em colaboração com movimentos e associações antirracistas.
“A banalização da violência sobre as identidades e os corpos negros, o encarceramento massivo da juventude negra e a violência policial normalizada, precisam de um `basta!´ sonante. Os negros e as negras americanas clamam por poder respirar, por poder viver, e o direito à vida é um direito sagrado que o racismo tem tolhido permanentemente e de forma secular”, considerou a deputada não inscrita.
Joacine confessou ainda que “têm sido dias muito duros, de muita emoção, revolta e consternação”.
Questionada sobre o racismo no contexto europeu, a deputada não inscrita defendeu que a Europa “é a mãe do colonialismo”, sendo que os EUA se distinguem pela sua “história de movimentos civis mais consolidada e com impacte internacional, o que também evidencia o quanto a Europa tem desvalorizado a luta antirracista e ocultado a sua implicação numa genealogia de extrema violência”.
“A recusa [da Europa] sobre um reconhecimento efetivo do racismo e respetiva miopia política têm funcionado contra uma história dos direitos humanos que está ainda por fazer”, vincou a deputada.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
Desde a divulgação das imagens nas redes sociais, têm-se sucedido os protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
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