Danièle Obono, política francesa de origem gabonesa e deputada à Assembleia Nacional de França pelo partido França Insubmissa, tem sido alvo, desde a sua eleição em 2017, de "discurso de ódio devido à sua denúncia pública aos legados do colonialismo no presente".

Segundo a deputada eleita pelo Livre e que entretanto se desfiliou, Obono foi recentemente "retratada numa 'ficção visual' intitulada 'Obono a Africana', na revista Valeurs Actuelles, como uma escravizada do século XVIII, em tronco nu e com correntes à volta do pescoço".

"Uma representação degradante, racista e sexista que recusa reconhecer Obono como sujeito político, circunscrevendo-a no quadro colonial", argumenta Joacine.

A revista defendeu-se afirmando não ser racista nem pretender 'banalizar' a escravatura, segundo Joacine Moreira, "ignorando que tais imagens têm uma genealogia e não são documento nem ilustração do colonialismo, elas são o próprio colonialismo em ação", além de que "cada vez que são agenciadas, colocam o sujeito visado de volta à violenta equação colonial".

Joacine propõe no voto que a Assembleia da República se solidariza com a deputada à Assembleia Nacional da República Francesa, Danièle Obono, "condenando a forma degradante com que foi retratada e os ataques racistas de que tem sido vítima continuamente".

A Procuradoria de Paris deu conta na segunda-feira que a revista francesa de extrema direita Valeurs Actuelles está a ser investigada por injurias de caráter racista depois de publicar, na semana passada, a ilustração da deputada Danièle Obono como se fosse uma escrava.