Ex-vice-presidente de Barack Obama e candidato Democrata com mais elevados níveis de popularidade, segundo todas as sondagens, Joe Biden vai realizar no sábado o seu primeiro grande comício, em Filadélfia, de onde é originário, debaixo de críticas vindas dos adversários, mas também de dentro do seu próprio partido.

Com o anúncio da candidatura de Steve Bullock, governador do Estado de Montana, o Partido Democrata atingiu o recorde de, para já, 22 candidatos nas primárias que vão escolher o candidato que deverá enfrentar Donald Trump nas eleições presidenciais de 2020.

Mas apesar desta pulverização de soluções Democratas, Joe Biden parece ser o alvo preferido dos ataques dos principais candidatos de ambos os partidos, após a sua entrada na corrida presidencial, em 25 de abril passado, depois de meses de hesitações e recuos.

O senador Bernie Sanders, que se recandidata nas primárias do Partido Democrata, escolheu Joe Biden como segundo principal alvo das suas críticas de campanha, logo a seguir a Donald Trump, acusando-o pelas suas posições passadas sobre os acordos de livre comércio e sobre a guerra no Iraque.

Também Donald Trump tem centrado as suas críticas contra o Partido Democrata em Joe Biden, a quem chama “Sleepy Joe Biden” (“dorminhoco Joe Biden”), na sua tática de tentar depreciar os seus adversários com alcunhas.

Trump tem-se servido de posições passadas de Biden sobre acordos comerciais, quando era vice-presidente de Barack Obama, para atacar o Partido Democrata a propósito da guerra comercial que opõe os EUA à China, há mais de um ano.

“A China sonha que o dorminhoco Joe Biden, ou algum outro, seja eleito em 2020″, escreveu Donald Trump na sua conta pessoal da rede social Twitter, no passado domingo.

Em várias ocasiões, o Presidente, que é de novo candidato presidencial Republicano, tem mencionado o nome de Joe Biden, para atacar os seus adversários Democratas.

A direção de campanha de Joe Biden já reconheceu que esses ataques nominais de Trump são a melhor ajuda que o antigo vice-presidente poderia receber, porque lhe dá notoriedade e o eleva à condição de principal candidato Democrata.

Essa admissão dos estrategos de Biden já levaram responsáveis do Partido Republicano a lamentar as opções de Trump.

“Numa eleições primárias Democratas, ataques do Presidente Trump são a melhor prenda que poderiam dar a Joe Biden”, disse esta semana Matt Gorman, antigo responsável por campanhas do Partido Republicano, ao jornal The New York Times.

Mas também do lado Democrata, Joe Biden tem recebido destaque por parte de vários candidatos, que não escondem o desconforto por verem a chegada tardia da candidatura do ex-vice-presidente Obama permitir-lhe subir ao primeiro lugar das sondagens para as primárias.

Bernie Sanders, que se volta a candidatar e que as sondagens colocam em segundo lugar para as primárias do Partido Democrata, tem centrado as suas críticas em Donald Trump, como seria de esperar, mas também não tem poupado Joe Biden.

Sanders, que representa uma fação mais radical e de esquerda no Partido Democrata, tem criticado Biden por ser o rosto do “sistema” e do “aparelho de Washington”, dizendo que com as suas posições passadas fragiliza-se, a si e ao seu partido, perante os Republicanos.

Bernie Sanders diz que Biden está “no meio termo”, entre Republicanos e Democratas, desfavorecendo a disputa contra Donald Trump, nomeadamente em temas sensíveis e muito visíveis, como as alterações climáticas, os acordos comerciais ou a presença norte-americana no Médio Oriente.

Por seu lado, Biden tem procurado não mencionar o nome de nenhum dos outros 21 candidatos Democratas e os seus estrategos de campanha dizem que no comício de sábado, em Filadélfia, voltará a centrar todas as suas críticas em Donald Trump e nas opções políticas do Partido Republicano.