O deputado do estado de São Paulo, Douglas Garcia, atacou a jornalista Vera Magalhães no final do debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, promovido pela TV Cultura, Folha de São Paulo e UOL, que aconteceu na noite de terça-feira, filmando-a e repetindo a mesma frase que Jair Bolsonaro, num dos debates presidenciais para as eleições de outubro, disse à mesma jornalista: "você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro".
Garcia, de 28 anos, o deputado estadual mais novo eleito em 2018, agora candidato a deputado federal, marcou presença no debate como parte da comitiva do ex-ministro Tarcísio de Freitas, dos Republicanos, partido que é a base do governo bolsonarista e que concorre agora ao governo paulista.
No final do debate, o deputado ajoelhou-se em frente da jornalista, que estava sentada na primeira fila, na zona destinada à imprensa, começou a filmá-la sem autorização e questionou-a repetidamente sobre se recebe dinheiro para falar mal do governo de Bolsonaro, repetindo a frase que o presidente dirigiu a Vera Magalhães durante o primeiro debate televisivo entre candidatos presidenciais, quando esta fez uma pergunta sobre a vacinação contra a covid-19 no Brasil e afirmou que Bolsonaro divulgou desinformação.
"Vera, acho que você dorme pensando em mim, você tem algum tipo de paixão por mim. Você não pode tomar partido em um debate como esse, fazer acusações mentirosas a meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro", disse na altura o presidente brasileiro.
A discussão entre Douglas Garcia e a jornalista na terça-feira à noite escalou, com Vera a também usar o seu telefone para filmar os atos do deputado e defendendo-se das acusações que lhe estavam a ser dirigidas. Poucos minutos depois, o apresentador do debate e diretor de jornalismo da TV Cultura, Leão Serva, intercedeu a favor da jornalista, tirou o aparelho da mão do deputado e arremessou-o, gritando para o mesmo “vai pra puta que te pariu, seu filho da puta”.
Em entrevista concedida à Globo, Vera Magalhães classificou o ataque como "premeditado".
“Ele tinha uma credencial de convidado do candidato Tarcísio Freitas para me agredir, ele fez isso deliberadamente e premeditadamente porque ele postou antes nas redes sociais que estava à minha espera. Perguntou: ‘será que a Vera Magalhães vai aparecer?’. Portanto, quem se diz agora surpreso e indignado – o seu partido, já devia ver que ele estava premeditando alguma coisa, pois ele fez essa postagem. Isso é lamentável, é inadmissível", afirmou.
Vera Magalhães respondeu ainda à acusação de que tem um contrato não divulgado de mais de meio milhão de reais com a fundação Padre Anchieta, que, por sua vez, é financiada pelo Governo de São Paulo, revelando que tem um contrato público, segundo o qual aufere, mensalmente, 22 mil reais e que o mesmo já foi consultado pelo deputado em questão.
Na quarta-feira, o partido Republicanos emitiu um comunicado em que repudiou a forma como Douglas Garcia interpelou a jornalista, revelando que o mesmo será convocado para se explicar. Só depois é que será anunciada - ou não - alguma medida contra o deputado.
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