Em declarações à agência Lusa após as cerimónias fúnebres da escritora que morreu na segunda-feira, aos 96 anos, no Porto, o deputado bloquista disse que a sua presença representou o “testemunho de um reconhecimento e de uma homenagem a uma escritora que marcou a literatura portuguesa”.
“Do seu contributo, há desde logo a circunstância de ter sido escritora, ter marcado a literatura e afirmado uma presença no campo literário português num contexto e numa época em que muita gente e o próprio poder queria que as mulheres, tendencialmente, se confinassem a papéis que não o que ela assumiu”, disse José Soeiro.
Enfatizando que, desse ponto de vista, a presença de Agustina Bessa-Luís “no campo literário português é disruptiva”, o deputado elogiou o facto de “haver uma voz com as características dela, que conquista um lugar e uma presença”.
“Como todas as obras literárias que marcam e deixam o seu cunho, a obra dela está em diálogo com o seu tempo e perpassa nas personagens uma visão crítica do poder e da forma como as relações de poder marcam as relações humanas”, assinalou José Soeiro.
Defendendo que “continuam a haver grandes escritores contemporâneos, alguns deles marcados provavelmente pela Agustina”, José Soeiro deu como exemplo “Maria Dulce Cardoso, que escreveu o livro ‘O Retorno’, sobre a questão dos retornados, obra muito premiada e que é um regresso ao passado” e à forma como se lidou com a história.
Agustina Bessa-Luís, que morreu na segunda-feira, no Porto, aos 96 anos, nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante.
O nome da escritora, que se estreou nas Letras com o romance "Mundo Fechado", em 1948, destacou-se em 1954, com a publicação de "A Sibila", obra que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz.
Agustina recebeu também, por duas vezes, o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, a primeira, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e, depois, em 2001, por "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".
A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, e com o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015. Em 2004 recebeu o Prémio Camões e o Prémio Vergílio Ferreira.
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