Na primeira sessão do julgamento, que hoje se realizou no Tribunal de Portimão, Mariana Carrilho, de 22 anos, alegou perante o coletivo de juízes que “assumiu o crime” porque o seu namorado na altura lhe disse que tinha sido ela a provocar a morte de Núria Gomes, na altura com 19 anos.
Mariana Carrilho está acusada pelo Ministério Público (MP) de um crime de homicídio qualificado, enquanto o seu namorado na altura dos factos, José Miguel Oliveira, de 21 anos, responde pelos crimes de ofensa à integridade física qualificada e de favorecimento pessoal.
De acordo com a acusação, os dois terão participado nos confrontos ocorridos no exterior de uma discoteca numa zona noturna na cidade de Albufeira, no distrito de Faro, em 16 de abril de 2023, que provocaram a morte da jovem.
A arguida explicou ao tribunal que as desavenças com a vítima tiveram origem no interior do estabelecimento de diversão noturna, tendo, à saída, entrado em confronto físico com esta.
Mariana Carrilho disse que a faca lhe tinha sido entregue pelo então namorado “que andava sempre armado” para que não fosse detetada à entrada na discoteca.
A arguida explicou que levou a faca para o interior do estabelecimento debaixo da axila e depois a colocou na mala, voltando a sair com ela debaixo da axila, “para se defender das ameaças que lhe foram feitas dentro da discoteca e para assustar a vítima”.
“No exterior levei uma chapada da Núria e peguei na faca para me defender, mas sem intenção de matar e só depois é que o meu namorado, que se meteu entre as duas, me disse que tinha sido eu a dar a facada”, notou.
Mariana Carrilho alegou que não se “lembra muito bem” do que aconteceu, porque tinha consumido cocaína e vários uísques, e também “devido à confusão” que se instalou no local.
Contudo, adiantou, lembra-se de ver o namorado com sangue no ombro, tendo este dito que fora ela a esfaqueá-lo “a ele e à Núria, pessoa que não conhecia”.
Os arguidos explicaram ao tribunal que deixaram depois o local a pé, tendo José Miguel “tentado desfazer-se da faca. Ambos foram detidos pouco tempo depois pela GNR.
José Miguel disse que no meio da confusão foi agredido, mas que não se lembra “da sequência dos factos”. O arguido afirmou ter perdido os sentidos, mas quando recuperou viu que estava “ferido no ombro e a faca no chão, apanhando-a de seguida”.
Disse ainda que “no momento em que a Núria caiu, estava com a faca na mão e todos no local” diziam que tinha sido ele a dar a facada que esteve na origem da morte da jovem.
O julgamento prossegue durante a tarde com a audição de testemunhas.
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