O caso remonta a 08 de janeiro de 2017, quando o jovem disparou 14 tiros contra um homem de 30 anos, Ismael Soares, tido como segurança informal no Avenue Club, depois de se ter gerado uma discussão seguida de agressão entre a sua namorada e a gerente daquela discoteca de Coimbra.
Nas alegações finais, o Ministério Público tinha pedido 25 anos de prisão para Elisio Souza, atualmente com 22 anos, que o coletivo de juízes entendeu hoje ser a pena adequada para o crime praticado.
A presidente do coletivo aplicou uma pena de 23 anos para o crime de homicídio qualificado, dois anos e seis meses para o crime de detenção de arma proibida e também dois anos e seis meses para o crime de ofensa à integridade física qualificada (por ter atingido a namorada da vítima no pé).
Em cúmulo jurídico, o Tribunal de Coimbra entendeu que "só uma pena de 25 anos de prisão se ajustava ao caso", referiu a juíza.
"Não há razões para matar, mas aqui não há mesmo nada. Houve uma desavença, houve o retirar de uma soqueira e até podia ter havido coisas anteriores, mas nada justifica o que aconteceu", sublinhou, referindo que o tribunal, aquando da definição da pena, não pôde esquecer o facto de Elisio Souza ter 22 anos e já ter quatro condenações criminais, associadas a ofensas à integridade física e tráfico.
A juíza vincou que já tinham sido aplicadas penas suspensas e efetivas e "nada disso pesou".
"Há uma especial censurabilidade da conduta do Elísio, porque atingiu o Ismael de uma forma brutal, atingiu a Élida [namorada da vítima] e podia ter atingido mais pessoas", notou a presidente do coletivo, recordando que o arguido disparou e voltou a disparar já com a vítima no chão e com a namorada de Ismael a "implorar" para que não continuasse.
Durante a leitura de sentença, a juíza explicou ainda que decidiu retirar da acusação o facto de que o condutor do veículo onde o arguido se encontrava teria sido ameaçado e forçado a voltar ao local do crime.
O arguido já tinha confessado quase a totalidade dos factos, mas tinha referido que tinha sido o condutor do carro a instigá-lo e a dar-lhe uma arma para cometer o crime - versão contrária à do condutor, que está no Brasil.
Face à não validação do depoimento do condutor, o arguido que estava acusado de ter dado a arma do crime acabou absolvido, não se tendo produzido provas de que este teria dado a pistola a Elisio Soares.
Já a namorada do arguido foi condenada a dois anos de pena suspensa por ofensa à integridade física e detenção de arma proibida (soqueira), tendo ficado "claro", através das imagens de videovigilância, que foi esta que provocou a discussão e que agrediu a gerente da discoteca.
O padrasto do arguido, acusado de ajudar Elisio a fugir das autoridades, foi condenado a dez meses de pena suspensa.
O Tribunal de Coimbra deu ainda como procedente o pedido de indemnização de 30 mil euros por parte da namorada da vítima, sublinhando a "grande dor e sofrimento" que a situação causou na jovem, que viu a sua vida "completamente modificada".
No final do julgamento, ainda se gerou alguma confusão fora da sala de audiências, com um dos familiares da vítima a tentar aproximar-se da zona interdita pela polícia - onde ia passar o arguido -, mas foi rapidamente afastado pelas forças de segurança.
[Notícia atualizada às 18:04]
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