“Os jovens adultos – faixa etária 18-24 anos – envolvem-se pouco nos cuidados que têm com a própria saúde, sendo que, dentro destes, o nível mais baixo no comprometimento se situa na diligência que imprimem para conseguirem uma alimentação equilibrada”, revela um estudo coordenado pela professora da ESEnfC Conceição Alegre de Sá.
Exemplos da falta de cuidado com a alimentação são o facto de se preocuparem pouco em tomar o pequeno-almoço – comportamento comum a “cerca de 40%” dos mais de mil inquiridos – ou em ingerirem “alimentos que consideram necessários” para a sua saúde, afirma a ESEnfC, numa nota enviada à agência Lusa.
Intitulado “Disciplina Parental e as Práticas de Autocuidado de Saúde em Jovens Adultos”, o estudo visou essencialmente “perceber de que forma as práticas de autocuidado em saúde desta população se relacionam com o percurso pessoal e familiar”, sobretudo com “a disciplina que receberam dos pais durante a infância”.
A pesquisa, iniciada no ano letivo de 2011/12, incidiu sobre “uma amostra probabilística de 1.168 estudantes, selecionada de entre 22.041 jovens que, naquele ano letivo, frequentaram os vários estabelecimentos de ensino público de Coimbra” (secundário, superior e profissional).
“O nível de envolvimento dos jovens adultos em práticas de autocuidado em saúde” observado no estudo é de “apenas 47% do seu tempo”, sublinha, citada pela ESEnfC, Conceição Alegre de Sá.
O cuidado com a própria saúde “inclui autocuidados associados a uma alimentação equilibrada, mas também autorregulação pessoal, envolvimento social e ações gerais de saúde”.
A investigação concluiu, entretanto, que “quanto maior é a afetividade/apoio do pai no exercício da disciplina na infância mais elevados são, depois, os autocuidados dos jovens adultos de ambos os sexos associados a uma alimentação equilibrada”, salienta a Escola.
“Também o recurso ao aviso na correção dos maus comportamentos infantis, quando exercido pelas mães, teve um efeito positivo nos autocuidados para manter ou alcançar uma boa alimentação das jovens”, acrescenta a ESEnfC.
Para Conceição Alegre de Sá, “a forma como os pais gerem a interação com os filhos na correção dos comportamentos na infância influencia claramente o desenvolvimento de práticas de autocuidado em saúde a longo prazo e em questões tão basilares como a alimentação”.
A docente da ESEnfC propõe “mudanças nos métodos de correção dos maus comportamentos infantis”, que passem pela “partilha equitativa” dessa tarefa por parte dos pais e das mães, pelo “maior recurso ao elogio e a métodos explicativos” (evitando o recurso a métodos punitivos e à impulsividade) e pela promoção da “afetividade e apoio na correção dos maus comportamentos infantis”.
Noutro plano, a investigadora preconiza, designadamente, a existência de “planos de apoio aos jovens adultos que incluam a alimentação” e que não se centrem “exclusivamente na prevenção do consumo de substâncias psicoativas ou de outros consumos e comportamentos de risco”.
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