“As pessoas estão a dizer que Miguel Albuquerque abandonou o norte”, declarou Élvio Sousa ao oitavo dia de campanha eleitoral, em Santana, referindo-se ao presidente do Governo Regional e cabeça de lista da coligação Somos Madeira - PSD/CDS.

Em causa estão sobretudo os concelhos de Santana e Porto Moniz, que não têm centros de saúde com serviço de urgência durante 24 horas. Esta, acrescentou, foi uma das promessas que o social-democrata “não cumpriu”.

O candidato do JPP, que é arqueólogo de profissão e deputado regional (tal como na anterior legislatura), recordou que o partido apresentou uma solução para colmatar a lacuna na Assembleia Legislativa da Madeira, que passava por estes concelhos terem um veículo de emergência, de suporte imediato de vida, com um enfermeiro e um técnico com formação específica.

“Sabemos que há casos dramáticos e urgentes, os primeiros 10 minutos são fundamentais”, salientou, apontando situações recentes de pessoas que “se queixaram de que o serviço existente leva três ou quatro horas a chegar”.

A “medida de salvaguarda” preconizada pelo JPP seria concretizada “a curto prazo”, para assegurar uma intervenção de urgência permanente até serem ultrapassados os “constrangimentos da realidade do Sesaram [Serviço Regional de Saúde]” relacionados com a falta de recursos humanos.

“Foi proposto, foi rejeitado pelo PSD/CDS, com o argumento falso de que os bombeiros faziam esse serviço e têm esse serviço. Não têm. Não há”, acrescentou Élvio Sousa.

Para o deputado, as populações de Santana e Porto Moniz não podem ser castigadas pela ausência de um serviço que “sairia mais barato do que a vigem que Miguel Albuquerque fez em nove dias à Venezuela, em que gastou 13 mil euros”.

“Primeiro têm de ser asseguradas a saúde e a qualidade de vida dos madeirenses e não estes gastos supérfluos”, insistiu.

O candidatou falou também do ataque informático de que o Sesaram foi alvo este verão, referindo não ter sido revelada toda a verdade sobre o incidente, que ainda não está totalmente resolvido.

Élvio Sousa disse, por outro lado, que Santana “tem escolas a fechar, está a ficar despovoada”, pelo que é necessário arranjar soluções de “motivação para o regresso populacional, para a atração de pessoas para o norte”.

“Já apresentámos vários modelos”, mencionou, considerando que “o próprio Governo Regional não diversifica a sua estrutura” e que ter uma secretaria regional nestas zonas poderia fazer a diferença.

O JPP concorreu pela primeira vez a legislativas regionais em 2015, nas quais elegeu cinco deputados e foi considerado a surpresa do sufrágio. Em 2019, perdeu dois deputados e ficou representado por três eleitos.

Às legislativas da Madeira de 24 de setembro concorrem 13 candidaturas, que disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL.

Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). Na oposição ficaram, além do JPP, o PS (19) e a CDU (um).