“A fraude foi consumada e a rejeição maioritária do povo da Venezuela foi evidente. Apesar da censura e da hegemonia comunicacional, a verdade não pôde ser escondida, a maioria da Venezuela virou as costas a Maduro (Presidente da Venezuela) e à sua fraude”, disse.

Numa mensagem ao país, divulgada em vídeo pela Internet, Guaidó defendeu que “só fazem fraude os que temem o povo, e Maduro, e o seu regime, perderam todo o apoio popular”.

“Nós, os que queremos mudanças na Venezuela, somos uma ampla maioria, e por isso não se atrevem a convocar eleições livres, por isso têm de controlar o árbitro (eleitoral), escolher os seus adversários, negar a observação internacional, extorquir um povo com fome e necessidade, dizendo que quem não vote, não come”, afirmou.

Segundo o líder opositor, as forças que apoiam a revolução bolivariana “sabem que nunca ganhariam uma eleição livre”.

“Todos nós sabemos que os resultados foram preparados com dias de antecedência, com um falso Conselho Nacional Eleitoral, falsos candidatos [e] falsos opositores”, disse.

“Sabemos que na Venezuela de Maduro a fraude também não é novidade, vimos isso em 2017 com a falsa [Assembleia] Constituinte, com o roubo das eleições regionais e em 2018 com a fraude presidencial”, frisou.

No seu entender, nenhuma fraude “serviu a Venezuela, pelo contrário, só trouxe mais crise e sofrimento para o povo, mas também não serviu para resolver os problemas da ditadura nem para diminuir a pressão que hoje existe contra eles”.

“A cada fraude que cometeram, a crise, a pressão e o isolamento nacional e internacional contra os que hoje cometem fraudes têm aumentado”, apontou.

Guaidó recordou que nos últimos três anos se geraram ações contra o regime, afirmando que, por essa razão, hoje os seus membros estão “acusados de crimes que lesam a humanidade, de tráfico de drogas […], e há mais de 60 países que reconhecem” a oposição como “legítima representante da Venezuela”.

“Quem hoje apoia e acompanha Maduro na sua loucura de manter o poder a todo custo, deve saber que é insustentável, que não haverá solução enquanto Maduro continuar a usurpar funções”, disse.

Por outro lado, instou os venezuelanos a “salvar e resgatar” a Venezuela e advertiu que em 05 de janeiro (data de início de funções do novo parlamento), os apoiantes de Maduro “vão tentar retomar o palácio legislativo, como já o tentaram em janeiro de 2020 e também após a fraude da (Assembleia) Constituinte”, “com armas, com paramilitares”.

“Não se surpreendam se tentarem avançar com esse ataque nos próximos dias […]. Eles poderão forçar a imprensa a transmitir a farsa do dia 05 de janeiro, tentarão, com perseguição, ocultar a representação legítima da Venezuela, mas não poderão suspender nenhuma das medidas de pressão. Não conseguirão aliviar a crise até que haja democracia”, acrescentou.

Guaidó explicou ainda que o foco da ação opositora é “conseguir uma solução através de eleições presidenciais e parlamentares livres, mobilizar o povo venezuelano através da consulta popular [que decorre de 7 a 12 de dezembro], para poder construir alternativas” e pedir “ajuda internacional para resgatar a democracia, responder à crise humanitária e acabar com os crimes que lesam a humanidade”.

“Não nos deteremos, vamos permanecer firmes e em funções para cumprir o nosso mandato constitucional (…). A Assembleia Nacional continuará em funções para conseguir eleições presidenciais e parlamentares livres que permitam a reconstrução do país e acabar com o sofrimento de nosso povo”, frisou.

Mais de 20,7 milhões de venezuelanos foram no domingo chamados às urnas para eleger os 277 deputados que vão compor a nova Assembleia Nacional.

O novo parlamento entrará em funções em 05 de janeiro de 2021, dois anos depois de o líder opositor Juan Guaidó se ter autoproclamado Presidente interino da Venezuela, prometendo convocar um governo de transição e marcar eleições livres e democráticas no país.