"Da minha parte, sempre terei orgulho de ter participado da Justiça Federal e os magistrados terão sempre o meu respeito e admiração. Continuem dignificando a Justiça com atuação independente (mesmo contra, se for o caso, o Ministério da Justiça)", disse Moro, num comunicado enviado aos magistrados federais, segundo o jornal Estadão.

O juiz, que foi responsável por julgamentos da Operação Lava Jato, acrescentou ainda que a sua decisão de aceitar o convite do Presidente brasileiro eleito, Jaier Bolsonaro, para tutelar a justiça, foi "muito difícil, mas ponderada".

"Em Brasília, trabalharei para principalmente aprimorar o enfrentamento da corrupção e do crime organizado, com respeito à Constituição, às leis e aos direitos fundamentais", referiu.

Moro irá assumir em janeiro o comando da pasta da Justiça, que vai ganhar estatuto de 'superministério', depois de agregar várias áreas do Governo, como a Controladoria-Geral da União e uma parte do Conselho de Controlo de Atividades Financeiras (Coaf), além de acumular também o ministério da Segurança.

O juiz abandonou hoje a Operação Lava Jato, através de um ofício dirigido ao Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, com sede no estado brasileiro do Rio Grande do Sul, tendo posteriormente entrado em período de férias.

O responsável pelo processo Lava Jato, que levou à condenação do antigo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva por corrupção, aceitou, na passada quinta-feira, ser ministro da Justiça na administração de Jair Bolsonaro.

No âmbito dessa operação foram presos ainda outros importantes políticos e empresários, além de Lula da Silva, condenado por corrupção e que se encontra a cumprir pena de 12 anos de prisão em Curitiba.

Bolsonaro, capitão do Exército na reserva, ganhou as eleições presidenciais do passado dia 28 de outubro, com 55% dos votos, enquanto Fernando Haddad, indicado por Lula, teve 44%.

Após a segunda volta das eleições, Moro felicitou Bolsonaro e desejou "um bom Governo", destacando a importância de realizar "reformas para recuperar a economia e a integridade da administração pública".

O nome de Moro tinha sido avançado pela comunicação social brasileira para integrar o próximo Governo do Brasil, mas o magistrado judicial negou sempre a possibilidade de entrar na política.