O presidente da Comissão Europeia lamentou que "até partidos tradicionais" se tenham transformado em partidos "populistas", quando questionado sobre o aumento do populismo na Europa, num debate em Coimbra.
No debate "Futuro da Europa - Que Europa queremos?", Jean-Claude Juncker afirmou que "gostaria que a Europa permaneça um continente aberto" para os refugiados, que "devem fugir de situações que não são aceitáveis, nem para eles, nem para os seus filhos".
O antigo primeiro-ministro do Luxemburgo afirmou que "gostaria que a Europa permanecesse uma máquina contra a rejeição do outro" e que "fosse vista como um modelo pelo mundo".
"Apesar das lacunas, devemos orgulhar-nos da Europa", vincou Jean-Claude Juncker, que falava no Teatro Académico de Gil Vicente, em Coimbra, num debate em que também participou o primeiro-ministro, António Costa, e o comissário europeu responsável pela Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas.
O presidente da Comissão Europeia frisou que "a Europa é, em primeiro lugar, uma construção corajosa", que se apoia em valores como "democracia, direito, tolerância e abertura sobre o mundo e perante os outros".
"Penso que é preciso colocarmo-nos numa situação de podermos barricar o populismo e o extremismo", defendeu.
Jean-Claude Juncker disse constatar que "os partidos tradicionais seguem cegamente o populismo, repetindo-lhes o propósito de eles também se tornarem populistas", mas considerou que "o eleitor vota no original e não na cópia do populismo".
"A Europa não deve apagar-se e desaparecer. A Europa tem coisas a dizer ao mundo e quanto mais a Europa disser coisas nobres ao mundo, melhor ela se encontrará no seu seio", frisou.
Neste âmbito, pediu que sejam transpostas "as fraquezas e as barreiras" e que haja mais orgulho na Europa, que "soube fazer grandes coisas: a paz, o entendimento entre povos, o abandono das fronteiras, a moeda única, a abertura em relação aos outros".
"Sejamos orgulhosos da Europa para evitar que não se feche sobre si mesma. Na Europa é preciso muita paciência e determinação. Sejamos mais pacientes e determinados", apelou.
Durante o debate, Jean-Claude Juncker foi questionado sobre qual a solução para os atentados à democracia na Polónia e na Hungria, tendo respondido que a Comissão Europeia está "num diálogo sólido e virtuoso" com os respetivos governos.
"Tomámos a iniciativa de abrir o procedimento de infração, porque esses dois governos não respeitam as regras europeias. Trata-se de um procedimento que está em curso e do qual não posso prejulgar o seu fim. Estamos verdadeiramente a meio do diálogo com esses dois governos", contou.
Jean-Claude Juncker frisou a importância que a Comissão Europeia atribui "ao respeito pelas regras do Direito", lembrando que "a União Europeia é uma comunidade de Direito baseada em regras e em normas jurídicas" que gostaria que todos os Estados-membros respeitassem.
O responsável disse não poder responder à pergunta "de forma conclusiva, porque os procedimentos estão em curso", mas garantiu que a Comissão Europeia não aceita "o desrespeito pelas regras do Direito".
"Como não aceitamos o facto de quando um Estado-membro é condenado pelo Tribunal da Justiça" dizer que não vai respeitar as decisões, acrescentou.
Jean-Claude Juncker lembrou que há "um método comunitário: a Comissão propõe e o Conselho e o Parlamento Europeu decidem e o Tribunal de Justiça interpreta a regra fixada".
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