Segundo o documento, Ali Laarayedh foi detido pelo suposto envolvimento numa rede que enviou jovens jiadistas para as zonas de conflito após a queda, em 2011, do regime ditatorial de Zin El Abidin Ben Ali.

No comunicado, o líder do Ennahdha e ex-presidente do agora dissolvido Parlamento, Rached Ghannouchi, negou as acusações, considerando-as um ataque “desesperado” do Presidente da Tunísia, Kais Said – que assumiu o poder total em julho de 2021 – para “esconder o fracasso catastrófico da farsa das eleições legislativas”.

Nos últimos meses, as forças de segurança tunisinas também prenderam, neste caso, o ex-líder do Ennahdha Habib Al Louz, o empresário e proprietário da companhia aérea Syphax Airlines, Mohamed Frikha, e o antigo diretor-geral de Fronteiras Lotfi Seghaïer.

“Garanto a todos os tunisinos que atacar os líderes [partidários] e outros opositores não melhorará a vida e não resolverá os problemas de escassez de alimentos e a alta dos preços. É uma tentativa de distrair e encobrir as várias falhas do regime”, disse Ghannouchi, que exigiu a “libertação imediata” de Laarayedh.

Segundo os dados avançados segunda-feira pela Instância Superior Independente para as Eleições (ISIE), apenas 11,2% dos mais de nove milhões de eleitores inscritos participaram sábado nas eleições legislativas antecipadas, boicotadas pela oposição e pela sociedade civil.

A oposição, incluindo a coligação em torno da Frente de Salvação Nacional (FSN), que inclui o Ennahdha, declarou não reconhecer a legitimidade do chefe de Estado, e exigiu a respetiva renúncia, solicitando a convocação eleições presidenciais antecipadas.

Após a queda da ditadura, milhares de tunisinos juntaram-se a grupos jiadistas, incluindo o grupo Estado Islâmico (EI), no Iraque, na Síria e na vizinha Líbia.

O país norte-africano tornou-se o primeiro “exportador” de jiadistas do mundo, com cerca de 5.000, segundo um estudo das Nações Unidas, e em 2015 sofreu vários atentados no seu território, em que morreram 72 pessoas, 60 delas turistas estrangeiros.