A investigação foi aberta pelo promotor público do tribunal militar de Bamaco “por instruções do Ministério da Defesa”, segundo um comunicado da Procuradoria.
Segundo a nota, um procurador deslocou-se a Gossi em 23 de abril, acompanhado por vários investigadores “para esclarecer os factos” e “a opinião pública será regularmente informada do andamento da investigação, cujos resultados serão tornados públicos”.
Em 21 de abril, dois dias depois de entregar a base de Gossi às Forças Armadas do Mali o exército francês comprometeu-se a combater o que descreveu como um “ataque informativo” e publicou um vídeo em que surgem o que Paris alega serem mercenários russos a enterrarem corpos perto da base.
As imagens, registadas por um aparelho aéreo não tripulado (‘drone’), mostram soldados a cobrirem corpos com areia e noutra sequência das imagens aparecem dois desses soldados a filmarem os corpos semienterrados.
O Estado-Maior francês garante que são soldados caucasianos e sugere que se trata de membros da empresa militar privada russa Wagner, que identificou em vídeos e fotos tiradas noutros locais.
No dia seguinte à publicação das imagens, o Estado-Maior do Mali anunciou que havia descoberto “uma vala comum, não muito longe do campo anteriormente ocupado pela força francesa Barkhane”, designação da operação francesa contra extremistas islâmicos no Sahel.
“O estado de putrefação avançada dos corpos indica que esta vala comum existia muito antes da entrega. Por conseguinte, a responsabilidade por este ato não pode de forma alguma ser imputada às Forças Armadas do Mali”, acrescentou então o Estado-Maior maliano.
Mergulhado desde 2012 numa profunda crise de segurança que o envio de forças estrangeiras não conseguiu resolver, o Mali passou por dois golpes militares desde agosto de 2020.
A junta militar no poder em Bamaco aproximou-se gradualmente de Moscovo ao mesmo tempo que se afastou de França, que desde 2013 está envolvida militarmente na luta contra o extremismo islâmico.
No contexto da crise diplomática com Bamaco, Paris anunciou em fevereiro a retirada dos militares que mantinha estacionados no Mali, uma operação que deverá ficar concluída neste verão.
Comentários