O titular do Departamento de Justiça norte-americano, o procurador-geral Merrick Garland, disse que os quatro agentes estão acusados de crimes contra os direitos civis, abuso de força e obstrução.

A Justiça estadual tinha apenas acusado um dos agentes, e não pela morte da jovem, mas por ter "colocado em perigo" o seu vizinho, por disparar através de uma parede.

Esse agente, Brett Hankison, foi absolvido em março, o que provocou a ira dos ativistas antirracismo.

Por outro lado, a Justiça federal, que realizou uma investigação paralela, acusa Hankison de "uso excessivo da força", anunciou Garland em conferência de imprensa, que também revelou a acusação contra três dos seus ex-colegas de mentirem sobre o mandado de busca e apreensão que desencadeou a tragédia.

"Os acusados sabiam que o depoimento sob juramento em apoio a esse mandado continha informação falsa e enganosa, e que foi omitida outra [informação] importante", explicou Garland.

Eles "sabiam que poderia gerar uma situação perigosa e afirmamos que essas ações ilegais provocaram a morte de Taylor", acrescentou.

Os três agentes, que não participaram na rusga, "tomaram medidas para encobrir sua conduta ilegal" e mentiram ao FBI, segundo o procurador-geral.

Breonna Taylor, uma técnica de emergência médica de 26 anos e estudante de enfermagem, foi baleada múltiplas vezes em 13 de março de 2020, depois de ser acordada pela polícia à porta de sua casa, na execução de um mandado aprovado como parte de uma investigação na qual o seu ex-namorado era suspeito.

Não foram encontradas quaisquer drogas no interior da sua habitação, mas o namorado de Breonna Taylor no momento dos acontecimentos, Kenneth Walker, disparou uma vez depois de a polícia arrombar a porta, ao pensar que eram ladrões.

Ao responderem com disparos, os polícias atingiram Breonna Taylor com cerca de 20 balas. Os agentes tinham um mandado de “não bater”, o que os autorizava a arrombar a porta sem aviso prévio, mas estes afirmam terem-se anunciado, algo que Walker contestou.

A morte de Breonna Taylor não chamou muita atenção no início, mas esta tornou-se um dos ícones das grandes manifestações antirracismo e violência policial que abalaram os Estados Unidos após a morte de George Floyd, afro-americano que morreu asfixiado no momento da detenção, em 25 de maio de 2020.

Os protestos estouraram em Louisville, a maior cidade de Kentucky, em setembro de 2020, quando os procuradores não apresentaram acusações contra os outros policiais envolvidos na tragédia e só mantiveram uma acusação contra Hankison.