"Não estou em Oliveira do Hospital por ser político. Vim a Oliveira do Hospital, apesar de ser político. Sou um filho desta terra, que se encontra consternado com o rasto de destruição que aqui testemunhou. Perderam-se pessoas, bens, unidades industriais, lugares, memórias e sonhos. Os oliveirenses desesperaram sozinhos, viram arder os seus pertences e alguns morreram isolados pelas chamas”, disse Francisco Rodrigues dos Santos.
O presidente da Juventude Popular, que apesar de ter nascido em Coimbra tem em Oliveira do Hospital as suas raízes, quer maternas, quer paternas, deslocou-se a este concelho, um dos mais fustigados pelos incêndios da semana passada, para um encontro com o Presidente da Câmara Municipal, José Carlos Alexandrino, uma reunião com o Comandante e Segundo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Oliveira do Hospital (BVOH), Emídio Camacho e Nuno Seixas e para ver o rasto deixado pela tragédia.
Após ter falado com as populações afetadas e ter visto com os próprios olhos a área ardida, o jovem centrista falou num “interior desertificado, despovoado e envelhecido, esquecido por todos, que vive modestamente, com parcos recursos e insuficientes oportunidades de desenvolvimento, viu os fogos roubar-lhe as principais fontes de sustento”.
“Num país que vive agrilhoado ao litoral e que perdeu há muito a noção de coesão territorial, o sentimento colectivo torna-se incapaz de representar intelectualmente a dimensão desta tragédia”, acrescentou.
No final dos sucessivos encontros e reuniões a Juventude Popular, comprometeu-se, perante o Presidente de Câmara de Oliveira do Hospital e o Comandante dos Bombeiros Voluntários, a abrir um processo de ajuda humanitária que vise criar uma linha de recolha de bens e alimentares e materiais de apoio às pessoas carenciadas.
A Juventude Popular soma ainda essa iniciativa a um conjunto de propostas para o concelho onde se inclui aderir à iniciativa dos CTT/Quercus, que se propõe promover a reflorestação das áreas ardidas; estimular a angariação de fundos, em colaboração com entidades privadas e cidadãos particulares, destinados à reconstrução das habitações próprias permanentes destruídas pelos incêndios; contribuir para a mobilização de equipas de voluntários que prestem assistência psicológica às vítimas deste episódio traumático; recomendar ao Governo e à Assembleia da República que cuidem de prever no próximo Orçamento do Estado, isenções fiscais no quadro do IMI e da DERRAMA, para os proprietários que, em determinado concelho, possuam um ou mais imóveis ou pessoas colectivas danificados pelos incêndios - sendo que as quantias incobráveis de imposto devem ser apuradas com base em estimativas de anos anteriores, para que esses valores, não sendo tributados aos contribuintes, possam ser transferidos pelo Governo aos Municípios - e ainda que se inicie, no presente ano lectivo, um Projecto de Prevenção e Segurança de Incêndios nas Escolas, que tenha como finalidade contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública por meio de ações de informação, prevenção e reacção a incêndios.
Para além destas propostas, Francisco Rodrigues dos Santos diz que vai requerer ao Governo a fixação de um preço mínimo, por tonelada, para a compra de madeira oriunda das florestas atingidas pelos fogos, para mitigar a deflação dos preços da matéria-prima face ao excesso de oferta.
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