“Segundo as nossas informações, a Federação Russa mantém detidos mais de 27.000 reféns civis”, declarou Dmytro Lubinets, citado pela agência de notícias nacional ucraniana Ukrinform.
No início de maio, a Ucrânia calculava em cerca de 20.000 o número dos seus civis prisioneiros da Rússia no âmbito da guerra iniciada há mais de 15 meses com a invasão russa.
Lubinets também indicou que nos territórios ucranianos atualmente ocupados pela Rússia residiam, em fevereiro de 2022, quando começou a guerra, cerca de 700.000 crianças, admitindo não ter condições para precisar quantas delas foram deportadas para território russo.
“Quantas delas continuam agora em territórios temporariamente ocupados, ou quantas foram levadas para territórios da Federação Russa, não sabemos”, disse o comissário parlamentar ucraniano.
“Creio que depois de libertarmos todos os territórios ucranianos, será possível perceber ao menos aproximadamente quantas crianças há agora em territórios da Federação Russa”, afirmou Lubinets, citado pela agência noticiosa ucraniana UNIAN.
Segundo o responsável, as autoridades cifram em cerca de 20.000 os menores ucranianos deportados para a Rússia, ainda que “na realidade, esse número seja muito superior”, e calculam onde poderão estar alojados, embora não possam confirmá-lo.
O comissário dos Direitos Humanos acusou ainda a Bielorrússia de participar na deportação para a Rússia de prisioneiros de guerra, crianças e adultos civis ucranianos detidos pelas forças de Moscovo nos territórios ocupados da Ucrânia.
“Temos a confirmação de que crianças, reféns civis e prisioneiros de guerra ucranianos foram transportados à força através do território da Bielorrússia, com o envolvimento direto das autoridades bielorrussas”, frisou.
A Ucrânia denunciou desde o início da guerra detenções em massa nos territórios ocupados pela Rússia de civis que as autoridades instaladas por Moscovo acusam de terrorismo, espionagem, colaboração com as forças ucranianas ou conspiração contra o exército russo.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 462.º dia, 8.895 civis mortos e 15.117 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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