“Vou ser muito claro: a Rússia tem de retirar de cada metro quadrado de território ucraniano. Não pode haver qualquer mal-entendido sobre o que significa a palavra retirada”, afirmou Kuleba, numa intervenção por vídeo num fórum de debate sobre “A paz na Ucrânia”, realizado no âmbito da 2.ª Cimeira das Democracias do Mundo, iniciativa do Presidente norte-americano, Joe Biden, que hoje começou em Washington e nas capitais costa-riquenha, sul-coreana, zambiana e neerlandesa.
“Nesta guerra, estamos a defender o mundo democrático no seu conjunto”, prosseguiu o chefe da diplomacia ucraniano, sublinhando: “Nenhum outro país quer mais a paz que a Ucrânia. Mas a paz a qualquer preço é uma ilusão”.
O Departamento de Estado norte-americano tinha anunciado que seria o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a participar via vídeo neste fórum sobre a Ucrânia na 2.ª Cimeira das Democracias do Mundo, mas ele pediu desculpas por não comparecer e foi substituído pelo seu ministro dos Negócios Estrangeiros.
A China apresentou recentemente propostas para pôr fim à guerra na Ucrânia que foram recebidas com frieza pelo Ocidente, que insiste na soberania e na integridade territorial da Ucrânia.
Por sua vez, o anfitrião da reunião virtual, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, alertou para “a armadilha cínica” representada por determinadas iniciativas de paz, que não nomeou.
“Penso (…) que é necessário desconfiar do que poderá à superfície parecer um apaziguamento, mas pode revelar-se na realidade uma armadilha cínica”, declarou Blinken, referindo como exemplo um eventual cessar-fogo que nada mais faria além de “congelar o conflito” e permitir à Rússia “consolidar as suas conquistas e reorganizar-se”.
A ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, insistiu, por seu lado, em que “a justiça deve prevalecer” e frisou, a propósito, que o mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) para o Presidente russo, Vladimir Putin, representa “um grande passo” na luta contra a impunidade.
Colonna instou também os países europeus a cumprirem as suas obrigações nessa matéria e a entregarem o Presidente russo ao TPI, se ele entrar na União Europeia (UE), depois de a Hungria ter indicado que não entregaria Putin.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,1 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 398.º dia, 8.401 civis mortos e 14.023 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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