A reunião de Donald Trump e Kim Jong-un na zona desmilitarizada que divide a península coreana é uma etapa a mais na agitada relação entre os dois governantes, que passou dos insultos à troca de elogios.
Ameaças nucleares
A 2 de janeiro de 2017, pouco antes da tomada de posse como presidente, Trump afirmou que a Coreia do Norte jamais poderia desenvolver uma arma nuclear capaz de atingir o território americano. Em abril, já na presidência, enviou sinais contraditórios ao chamar Kim de "louco com armas nucleares".
Em julho de 2017, Pyongyang lançou dois mísseis intercontinentais e Kim afirmou que "todo o território americano está ao nosso alcance".
No dia 8 de agosto, Trump prometeu "fogo e fúria" contra a Coreia do Norte.
A 3 de setembro os norte-coreanos realizaram o seu sexto teste nuclear, afirmando ter explodido uma bomba H.
Insultos pessoais
Em setembro de 2017, Trump chama Kim na Assembleia Geral das Nações Unidas de "pequeno homem foguete". Dois dias depois, o norte-coreano respondeu prometendo "castigar com fogo o senil americano mentalmente transtornado".
Em novembro, Trump chama Kim de "cachorro doente".
No final do ano, Kim revelou ter o botão nuclear no seu gabinete e no dia 3 de janeiro de 2018 Trump respondeu no Twitter: "Alguém deste debilitado regime pode lhe informar que eu também tenho um botão nuclear, que é maior e mais poderoso que o dele e funciona".
Otto Warmbier, "torturado"
Em setembro de 2017, Donald Trump acusa Pyongyang de ter "torturado além do imaginável" Otto Warmbier, um estudante americano que ficou detido na Coreia do Norte por 18 meses e foi enviado para o seu país em estado de coma em junho de 2017. Faleceu uma semana depois.
A Coreia do Norte nega maus-tratos e afirma que Otto Warmbier contraiu botulismo na prisão.
Em novembro, Washington volta a incluir a Coreia do Norte na lista de Estados que apoiam o terrorismo.
Delegações americanas em Pyongyang
Em março de 2018, Trump surpreende ao aceitar um convite de Kim Jong-un, transmitido pela Coreia do Sul após os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, marcados por uma espetacular redução nas tensões entre Norte e Sul.
Em duas ocasiões, em abril como chefe da CIA e em maio como secretário de Estado, Mike Pompeo viaja a Pyongyang.
"Reunião fantástica"
O aperto de mãos entre Kim e Trump na reunião de 12 de junho em Singapura é exibido ao vivo em todo o mundo. O líder norte-coreano saúda um "encontro histórico" e o presidente americano cita uma "reunião fantástica".
Os dois assinam um documento conjunto no qual Pyongyang se compromete a trabalhar a favor de uma "desnuclearização completa da península coreana", enquanto Washington promete "garantias de segurança" à Coreia do Norte.
Desde então, Donald Trump não deixa de destacar a sua "amizade" com o líder norte-coreano, chegando a afirmar que ele e Kim se "apaixonaram".
O fracasso de Hanói
Após vários meses de negociações infrutíferas sobre a questão nuclear, em 28 de fevereiro de 2019 acontece uma nova reunião em Hanói, Vietname, mas o encontro entre Kim e Trump termina em fiasco, ao esbarrar no tema da retirada das sanções americanas contra Pyongyang e no alcance do desarmamento norte-coreano.
No fim de abril, Kim visita a Rússia para a sua primeira reunião com Vladimir Putin. O norte-coreano acusa Washington de ter atuado de "má-fé" em Hanói e avisa que a situação na península alcançou um "ponto crítico".
No início de maio, Pyongyang retoma os lançamentos de mísseis de curto alcance, pela primeira vez desde novembro de 2017. Donald Trump minimiza o facto e reitera a confiança no líder norte-coreano.
Primeiros passos históricos
Em 29 de junho de 2019, Donald Trump convida, de maneira inesperada, Kim Jong-un a encontrá-lo na Zona Desmilitarizada (DMZ) que divide a península coreana, aproveitando a sua viagem à Coreia do Sul após a reunião do G20 em Osaka (Japão).
Kim Jong Un aceita a proposta.
No dia 30 de junho, Donald Trump cruza a pé a linha de demarcação entre as Coreias na localidade de Panmunjom e dá passos históricos dentro da Coreia do Norte, ao lado de Kim Jong Un, tornando-se no primeiro Presidente dos Estados Unidos a entrar em solo da Coreia do Norte.
"É um grande dia para o mundo", declara Trump, ao anunciar a retomada das negociações com a Coreia do Norte e informar que convidou o líder norte-coreano a visitar os Estados Unidos, sem revelar uma data.
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