“Estamos em estado de guerra. Sim, começou como uma operação militar especial, mas assim que todo este bando se formou, quando o Ocidente coletivo participou em tudo isto ao lado da Ucrânia, para nós tornou-se uma guerra. Estou convencido disso e toda a gente tem de o compreender”, disse Dmitri Peskov numa entrevista ao semanário governamental Argoumenty i Fakty (“Argumentos e Factos”).
“Estou convencido disso e todos têm de o compreender para se empenharem”, acrescentou, referindo-se à mobilização militar e à “mobilização dos espíritos” que está a ser levada a cabo na Rússia.
Nesta entrevista, Peskov recordou também o objetivo do Kremlin de conquistar completamente as quatro regiões ucranianas (Kherson, Donetsk, Lugansk e Zaporijjia) que Moscovo reivindica como território de anexação desde setembro de 2022.
“‘De jure’, trata-se de uma operação militar especial, mas de facto, transformou-se numa guerra”, acrescentou Dmitri Peskov.
Nos últimos dois anos, o Kremlin reprimiu o uso da palavra “guerra” com multas e penas de prisão, impondo o eufemismo oficial de “operação militar especial”.
Durante os dois anos de conflito, vários altos funcionários já utilizaram a palavra “guerra” em declarações públicas, mas sempre em referência à guerra que o Ocidente estava a travar contra a Rússia através da Ucrânia, e não em relação ao ataque russo.
Questionado sobre o destino das pessoas condenadas pela utilização da palavra “guerra”, Peskov sugeriu que tal não significava que a utilização do termo “num contexto crítico” fosse permitida.
“A palavra ‘guerra’ é utilizada em diferentes contextos. Comparem o meu contexto com o contexto dos casos (de pessoas condenadas) que a citam”, disse.
Nas redes sociais, a analista russa Tatyana Stanovaya, citada pela Agência France-Presse, afirmou, no entanto, que a utilização oficial do termo pelo Kremlin ilustra a passagem de uma “fronteira psicológica” entre a elite política e os cidadãos.
O Presidente russo, Vladimir Putin, que foi recentemente reeleito com 87% dos votos numa eleição presidencial sem oposição, prometeu levar o país à vitória sobre Kiev e o Ocidente, no que considera ser um confronto pela “existência” da Rússia.
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