Em conversa com a Lusa, na quinta-feira, sentado na mesma mesa na sede do PCP, em Lisboa, onde em 2015 o PCP e o PS deram os primeiros passos depois das eleições legislativas para a criação do que mais tarde viria a ser apelidado de ‘geringonça’, Jerónimo de Sousa foi questionado sobre se espera ser contactado pelo secretário-geral socialista na noite de domingo.
“Da nossa parte, se o PS entender, voltaria a sentar-se aí”, respondeu, apontando para a mesa.
“E o PS alinha numa coisa dessas? É uma pergunta a que só o próprio PS pode responder”, acrescentou.
Jerónimo de Sousa argumentou que o PCP não está para fazer “exigências de participações” no Governo, esclarecendo que uma solução pós-eleições voltaria a passar por entendimentos ao nível parlamentar.
“O PS conta aqui, mas não pode querer sol na eira e chuva no nabal (…). Para mim é uma incógnita, o PS muitas vezes parece fazer uma coisa e depois diz outra, tem um grau muito grande de indefinição. Digo isto com um misto de preocupação, mas também de confiança”, sustentou Jerónimo de Sousa.
“É possível encontrar esses caminhos”, completou.
O secretário-geral do PCP voltou na quarta-feira para os últimos três dias da campanha da CDU para as eleições legislativas de 30 de janeiro, depois de uma ausência de 14 dias por causa de uma operação de urgência à carótida interna esquerda.
A ausência inesperada de Jerónimo de Sousa obrigou o PCP a mobilizar dois dos seus principais quadros, João Oliveira e João Ferreira, que abandonaram as campanhas nos distritos em que eram candidatos, Évora e Lisboa, respetivamente, e assumiram o papel de rostos da volta da CDU.
Nas legislativas de 2019, a Coligação Democrática Unitária (CDU) - que integra o PCP, o PEV e a associação Intervenção Democrática - elegeu 12 deputados (10 do PCP e dois do PEV) e obteve 6,33% dos votos, ou seja, 332.473 votos (de um total de 5.251.064 votantes), menos 113.507 do que em 2015, de acordo com o Ministério da Administração Interna.
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