Falando no final de um almoço realizado na Casa do Campino, em Santarém, depois da intervenção de António Filipe, que volta a liderar a lista de candidatos da CDU pelo distrito de Santarém nas eleições de 06 de outubro, Jerónimo de Sousa advertiu que, “à medida que chega o fim da legislatura, são cada vez mais os sinais" que "dizem que o PS, se puder, anda para trás, sozinho ou na companhia do PSD e do CDS”.
“Não haja ilusões. O PS não passou a ser de esquerda, nem mudou de opções de fundo. O que mudou foram as circunstâncias e é dessas circunstâncias que o PS se quer ver livre e depois ter mãos livres para fazer o que sempre fez durante décadas, ou seja, promover a política de direita”, declarou.
Salientando, o “orgulho” de quem votou na CDU (coligação que junta o PCP aos Verdes e à Iniciativa Democrática) ao ver cumpridos “plenamente os compromissos” assumidos na campanha eleitoral de há quatro anos, o líder comunista frisou que as próximas legislativas são “de grande e decisiva importância” para o país avançar e “derrotar os projetos" dos que o querem fazer "andar para trás”.
Realçando o “papel determinante” da CDU “no que de positivo se alcançou” na última legislatura, Jerónimo de Sousa destacou a intervenção do único deputado eleito pelo distrito de Santarém para a defesa de interesses da região, referindo, em particular, a iniciativa que levou à aprovação no parlamento da recomendação para a construção da residência de estudantes da Escola Superior de Desporto de Rio Maior.
Pedindo o reforço da votação na CDU em outubro, Jerónimo de Sousa salientou que o que foi alcançado é ainda “insuficiente e limitado” e referiu os problemas “crónicos” e “estruturais” com que o país se confronta e que são responsáveis pelo “débil crescimento” e baixos salários.
“Faz-se um festim com direito ao foguetório mediático por se ter obtido um excedente orçamental neste primeiro trimestre do ano, uma espécie de glorificação da ditadura do défice, onde cada décima de redução é apresentada como um troféu, esquecendo o reverso da medalha e o que significa no agravar dos problemas do país e da vida dos portugueses”, afirmou.
Para Jerónimo de Sousa, a “opção pelo défice zero, pela procura de um excedente, ainda para além dos malfadados e anacrónicos critérios impostos pelo euro e pela União Europeia é uma opção inaceitável”.
Como exemplo apontou o subfinanciamento crónico do Serviço Nacional de Saúde ou ainda o estado a que chegou a ferrovia, lamentando que as propostas agora feitas pelo PS e há muito defendidas pelo PCP, como a integração da EMEF (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário) na CP, tenham sido adiadas quatro anos “por causa de umas escassas décimas do défice”.
Responsabilizando PS e PSD pelo “desmembramento” da CP, com vista à sua privatização, Jerónimo de Sousa frisou que, “se não tivessem demorado tanto tempo, se tivessem aceite as propostas das organizações dos ferroviários e do PCP”, hoje os comboios estariam em funcionamento.
“Têm problemas de consciência, chegaram atrasados, mas mesmo assim valeu a pena a luta dos trabalhadores ferroviários e do Partido Comunista Português”, afirmou.
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